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Alegando sofrer ameaça de professores, Gustavo Gayer solicitou direito ao porte de arma. A justiça negou, e a PGR desconfia de calúnia. Foto: Twitter/Reprodução
No último mês de maio, em meio a disputas com professores em seu estado, o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) deu início a uma ação na Justiça Federal do DF para conseguir o direito de portar arma, alegando ter sido alvo de ameaças de morte. A Justiça, porém, negou o pedido, e o parlamentar foi intimado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) a responder sobre as acusações.
Eleito pela plataforma bolsonarista, Gustavo Gayer é acusado por professores goianos de promover, desde antes do início do seu mandato, uma campanha de perseguição à profissão. Em meados de maio, diversos professores passaram a se organizar para protestar contra as ações do deputado e se proteger contra campanhas de difamação, montando no Whatsapp o “Grupo contra a censura”.
Não demorou para que o link de acesso chegasse aos apoiadores do parlamentar, que entraram em peso no grupo, trocando ofensas com os professores. Em resposta, o administrador, o suplente de deputado estadual pelo PT, Fabrício Rosa, anunciou que criaria um segundo grupo fechado para agendar reuniões onde “não queremos contar com fascistas presentes” e os protestos seriam “contra o Gustavo Gayer e todos os filhotes dele”.
O deputado utilizou as capturas de tela para alegar ter sido alvo de ameaças de morte contra ele e sua família, e apresentou um boletim de ocorrência contra Fabrício. Além da denúncia formal, Gayer se pronunciou em suas redes sociais e prosseguiu com a narrativa em seus discursos. Na CPI do MST, acusou Rosa de “organizar um grupo para bater nos meus filhos, acabar com os meus filhos”.
Após apresentar o boletim de ocorrência, Gustavo Gayer solicitou à Polícia Federal a permissão para portar arma de fogo, justificando “ter sido vítima de ataques, no qual teve seu veículo depredado, além de ter recebido outras ameaças (...) contra sua vida e de sua família”. O delegado responsável pela avaliação, porém, negou o pedido, alegando não haver prova suficiente dos fatos narrados.
O caso foi levado à Justiça e o parlamentar pediu liminar para que fosse garantido o porte até que o processo fosse julgado. Em julho,o juiz negou o pedido. Na decisão, afirma que “o impetrante não demonstrou a efetiva necessidade do porte de arma de fogo por exercer sua atividade” e “não existem informações sobre ameaças ou concretas situações de risco à integridade física do impetrante”.
A autoridade judicial intimou o Ministério Público para que avaliasse o mérito do pedido. O parecer foi emitido em novembro, novamente negando a permissão para o deputado andar armado. “No caso, os documentos juntados não comprovam, de plano, a existência deste risco excepcional ou ameaça concreta”, concluiu o parquet, que também avaliou não haver qualquer ilegalidade na decisão da Polícia Federal.
O Ministério Público ainda chamou atenção para o fato de Gayer ser atirador desportivo, e já possuir uma pistola que, em última instância, já garante sua segurança patrimonial e familiar em sua residência. O próprio parlamentar, em suas redes sociais, exibe os resultados de seu treino.
O Congresso em Foco acionou o gabinete do deputado para oferecer a possibilidade de se pronunciar a respeito da recusa da Justiça em conceder o direito ao porte de armas e a tese de não haver ameaça concreta à sua segurança. Até o momento, não houve resposta.