Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. EXCLUÍDO O Brasil à beira do apocalipse

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

EXCLUÍDO O Brasil à beira do apocalipse

Congresso em Foco

16/9/2008 | Atualizado às 11:37

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Paulo Nathanael Pereira de Souza*

Quando se pensa em mercado de trabalho, há que dividi-lo, segundo a sua verdadeira estrutura: de um lado, os empregos formais, que entre nós se regem pela CLT, e de outro, as demais relações de trabalho, que envolvem formas as mais variadas, como: profissionais liberais, comércio de esquina, indústria caseira, empreendedores diversos, etc, etc. Até porque, em termos quantitativos, o mercado brasileiro hoje se reparte meio a meio, entre celetistas e trabalhadores informais, com forte tendência de ultrapassagem daqueles por estes.

Apesar disso, quando se fala em reforma trabalhista – uma exigência inadiável destes tempos de modernidade e mundialização –, arma-se por toda parte uma verdadeira tempestade em copo d’água, dado o fato de que quem pensa em trabalho parece pensar só em emprego. Ademais, não se pode ignorar que uma série de gigantescas instituições, como os sindicatos patronais e trabalhistas, os órgãos da Justiça e do Ministério do Trabalho, e Emprego, formam uma floresta, cujas raízes se aprofundam no solo fértil da CLT. Se mexerem nessa lei sagrada, outorgada à nação pelo santo dos trabalhadores brasileiros, que já não é São José, e sim, São Getúlio Vargas, essa floresta corre o risco de desabar.

Acontece que, ao se falar em reforma das leis do trabalho, o que se quer na verdade é promover a inclusão, nas proteções possíveis de uma nova legislação, de todo o leque das profissões praticadas ao desabrigo da CLT, sem extinguir o que os cruzados do formalismo empregatício chamam de “sagradas conquistas do trabalhador”, as quais, na verdade, são os bem-aventurados privilégios da empregabilidade formal. Trata-se, pois, de incluir nessa ou em uma nova proteção legal os informais, sem necessariamente mexer com os formais. Estes podem e devem continuar, bem como as estruturas institucionais e sindicais, que cresceram à sua sombra. O importante mesmo é reconhecer como úteis, necessárias e indispensáveis à nova economia as muitas formas emergentes de trabalho, que se foram desenvolvendo ultimamente à margem do formalismo, e cujos agentes permanecem à espera de uma lei, que os ampare, defenda e promova, em nome da isonomia com os demais trabalhadores e da prática de uma Justiça Social, que vá além do atual conceito de empregabilidade.

Os equívocos que, no Brasil, misturam emprego com trabalho também afloram – e com destaque – nas discussões sobre desemprego. E quando o mercado contrata lotes de milhões de novos empregados, como aconteceu no decorrer de 2007, uma certa imprensa, não se sabe, se por ignorância ou por viés ideológico, festeja o feito, como se fora milagre, embora omitindo duas informações igualmente importantes: uma, a de que são em geral empregos de
baixa qualificação, outra, a de que geram salários pífios, de quase nenhum poder aquisitivo.

Ainda que precários, esses empregos servem, todavia, para aliviar o negativismo das estatísticas e dar uma certa euforia à pobreza nacional (pelo menos àquela que ainda crê no trabalho e se nega a pedir demissão do emprego, para tornar-se beneficiária de políticas filantrópicas do tipo bolsa – disso e daquilo).

Mas, o pior problema não está aí, e sim naqueles setores que exigem qualificações maiores do trabalhador para a conquista de um posto de trabalho. São as funções técnicas intermediárias, que permanecem sem titulares por muito tempo, porque não há gente capacitada para ser
contratada. Sabe-se que à medida que se reciclam tecnologicamente as empresas, mormente as que lidam com as atividades dos setores sucroalcooleiro, petrolífero, de construção civil, financeiro, hard e software, entre tantos outros, vão elas se tornando mais exigentes para com
os candidatos a emprego. Nesses casos, o principal culpado pela insuficiência de trabalhadores com preparo mínimo para o exercício profissional é a educação básica de péssima qualidade, praticada hoje no Brasil.

Ademais da incapacidade da escola para entregar à sociedade jovens minimamente qualificados para a inclusão social e o trabalho, ainda ocorre
que a escolaridade média do brasileiro não passa de cinco anos, o que, nos países mais desenvolvidos se mede por dez ou doze. Sobram empregos e escasseiam candidatos com credenciais para ocupá-los. No CIEE, vive-se esse drama praticamente todos os dias, apesar de seu banco de dados apresentar mais de milhão de jovens inscritos.

A empresa pede um estagiário dotado de certo nível de conhecimentos. Enviam-se três ou quatro dentre os melhores desse banco. Não raro, são todos devolvidos, por não conseguirem aprovação nas entrevistas, que tiveram com o RH da empresa. Há quem queira culpar o CIEE por isso. Ocorre que os alunos não são do CIEE, e sim da rede formal de ensino, onde se encontram as escolas públicas e privadas. O CIEE não ensina por não ser escola, apenas intermedeia o produto acabado, que vem do sistema de ensino, e o encaminha para as organizações ofertantes de estágio.

Para se ter idéia da gravidade dessa situação, em tudo e por tudo paradoxal, recentemente, em Santo André, onde havia 49.000 desempregados, deu-se a oferta de 25.000 postos de trabalho (50% do total de desempregados). Sabem quantos puderam ser aproveitados? Apenas 9.200! Daí poder-se dizer que mais grave do que o desemprego no Brasil é a deseducação do jovem, que vê o emprego, mas não o captura por falta de competência intelectual. Quanto vai, ainda, demorar para que as autoridades do ensino deste país consigam enxergar o apocalipse que, de há muito, nos rodeia?               

*Paulo Nathanael Pereira de Souza é doutor em educação, presidente do Conselho Diretor do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) Nacional e do presidente do Conselho de Administração do CIEE.

Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Temas

Reportagem

LEIA MAIS

Justiça

Damares é condenada a indenizar professora por vídeo postado em redes sociais

Senado

Governo deve perder controle de quatro comissões no Senado

LEI DA FICHA LIMPA

Bolsonaristas articulam mudança na Ficha Limpa para tornar Bolsonaro elegível

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

SERVIÇO PÚBLICO

Reajuste para servidores federais: quem ganha e quanto vai custar

2

ENERGIA

Veja a íntegra da MP que reforma o setor elétrico

3

MEIO AMBIENTE

Saiba como cada senador votou no projeto do licenciamento ambiental

4

Vídeo

Homem acompanhado de crianças ameaça explodir bomba em ministério

5

CÂMARA

Oposição quer derrubar decreto do governo sobre IOF

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES