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Congresso em Foco
3/7/2009 1:35
Fábio Góis
Depois de mais de quatro horas, foi encerrada há pouco a reunião no Palácio da Alvorada entre o presidente Lula e a bancada do PT para discutir a situação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), frente à crise institucional que pode levar o peemedebista à renúncia ou afastamento do cargo - como já sugeriram partidos como PSDB, DEM, PDT e Psol. Os 11 senadores presentes - apenas Flávio Arns (PR) não compareceu à residência oficial - evitaram dar declarações antes das 10h de hoje (sexta, 3), quando o líder petista Aloizio Mercadante (SP) dará uma entrevista coletiva sobre o que foi conversado com Lula no fim da noite desta quinta-feira (2).
Ex-ministra do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva (AC) deixou a residência presidencial no mesmo carro em que estavam Eduardo Suplicy (SP), que desceu do veículo oficial para falar com a imprensa, e Tião Viana (AC) - este, candidato petista derrotado por Sarney na eleição da Mesa Diretora do Senado, em fevereiro. Marina disse ao Congresso em Foco que a bancada reiterou a orientação de sugerir o afastamento de Sarney da presidência, como forma de minimizar a crise. Os petistas avaliam que, longe do foco de ataques e das investigações em curso sobre os desmandos no Senado, a situação da base aliada se tornaria menos delicada.
"A única coisa que eu posso dizer é que a bancada reiterou a posição para o presidente Lula", revelou Marina, confirmando o horário da coletiva de Mercadante. "Vai ter uma coletiva amanhã, na liderança, que o senador Aloizio Mercadante vai dar."
Um interlocutor do presidente disse que Lula fez uma longa exposição sobre as razões que justificariam a permanência de Sarney no posto, dizendo não considerar tão delicada a situação do cacique peemedebista. Lula ressaltou a importância que Sarney tem junto à classe política, e enfatizou que ele - com seu séquito de 19 senadores - é peça fundamental para a governabilidade no Congresso. Principalmente no Senado, onde o equilíbrio de forças entre governo e oposição é evidente (apenas PSDB e DEM, dois dos principais partidos de oposição, têm 27 representantes - 13 e 14, respectivamente).
"Por uma questão de respeito a todos vocês que ficaram até agora, o líder Mercadante avaliou que eu lhes trasmitisse, com todo o carinho, respeito e amizade, que ele falará amanhã de uma maneira mais completa possível, e responderá a todas as perguntas", esquivou-se Suplicy, referindo-se à imprensa, que esperava há horas uma definição, do lado de fora do Palácio. Segundo Suplicy, cada um dos 11 senadores fez seu relato ao presidente, externando o sentimento em relação à permanência de Sarney na presidência, bem como acerca do contexto da crise no Senado. "O presidente ouviu a todos com muita atenção."
O petista disse ainda que Lula e Sarney devem se reunir, provavelmente, já nesta sexta-feira (3), mas ainda sem horário definido. Depois disso, nova reunião da bancada do PT, na terça-feira (7), para reavaliar a situação com base na conversa dos dois líderes políticos.
Acerto
A expectativa é que, depois de diversas reuniões dos petistas no Senado, inclusive com o próprio Sarney, Lula defina nos próximos dias o posicionamento da bancada em relação ao presidente do Senado. Mais influente aliado de Lula no Parlamento, a permanência de Sarney no posto deve continuar a ser articulada pelo Palácio do Planalto. Lula sabe que, se Sarney pedir licença do cargo, um tucano assumirá em seu lugar, até que ele resolva retomar o comando: o vice-presidente Marconi Perillo (GO) ocupa a vaga até o encerramento do período de afastamento. Na hipótese de renúncia do cargo de presidente, Perillo tem cinco dias, a partir da formalização da saída, para promover novas eleições em plenário.
Entre quarta e quinta-feira (2), a bancada petista oscilou a respeito de como se posicionar em relação à condição de Sarney no Senado. Na primeira reunião na bancada, ficou acertado que um afastamento de 30 dias seria a melhor solução. A proposta não foi bem recebida por Sarney, que naquela noite recebeu petistas em sua casa, em bairro nobre de Brasília, quando voltou a contar com o apoio petista (Sarney não se afastará da presidência, diz Mercadante).
Leia: Sarney rejeita sugestão de afastamento feita pelo PT
Já nesta quinta-feira (2), Aloizio Mercadante ficou por mais de três horas na tribuna do plenário para, em discurso um tanto controverso, reiterar a posição da bancada pelo afastamento, mas com destaque expresso da importância de Sarney para os planos do governo às vésperas das eleições presidenciais de 2010 - quando Lula tentará emplacar Dilma Rousseff, com o apoio do PMDB, para a sua sucessão.
Leia: PT nega pressão, mas volta a falar em afastamento
A crise que recai, entre outros, sobre Sarney há meses diz respeito à estrutura administrativa do Senado, que teve o peemedebista por três vezes no comando na última década. O mais novo escândalo é referente à ação de ex-diretores designados por Sarney para suas funções - caso de Agaciel Maia (Diretoria Geral) e João Carlos Zoghbi (Secretaria de Recursos Humanos), dois dos responsáveis, possivelmente com o aval de senadores, pela emissão de centenas de atos secretos entre 1995 e 2009. Os decretos clandestinos beneficiaram parlamentares, servidores, parentes e amigos com aumentos, contratações, concessão de gratificações e extensão de prerrogativas parlamentares a diretores, entre outros propósitos.
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