Ao contrário do que divulgou a CPI dos Grampos, um levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apurou que apenas 11.846 telefones estão grampeados no Brasil. A CPI informou que havia 409 mil autorizações da Justiça para a execução de interceptações telefônicas.
Os grampos são alvo de intensas críticas de parte do Judiciário e dos advogados, embora defendidos pelo Ministério Público e pelas polícias como meio de investigar crimes comuns e de colarinho branco.
"Ao contrário do que se cogitava, [os números] não demonstram excesso de utilização desse instrumento tão importante para o combate à criminalidade", explicou o conselheiro José Adonis, de acordo com comunicado do CNJ.
"Fiquei assustado com a enorme diferença entre os dados noticiados pela imprensa, divulgados pela CPI, e os fornecidos pelos tribunais. A única explicação para isso é a existência de grampos ilegais", disse o conselheiro Marcelo Nobre.
Responsável pelo levantamento, o corregedor nacional de Justiça, Gilson Dipp, preferiu não polemizar. "Desconhecemos a metodologia empregada pelas companhias telefônicas e, por isso, não podemos nos manifestar sobre a diferença entre os números."
Goiás lidera o número de grampos legais, com 1.000 interceptações autorizadas. O Paraná vem em seguida, com 938, à frente do Mato Grosso do Sul, com 852.
Para chegar aos números, o CNJ consultou os cinco tribunais regionais federais e os tribunais de Justiça dos estados. Mas a quantidade de grampos pode ser maior porque os TJs de São Paulo, Alagoas, Mato Grosso, Paraíba e Tocantins não enviaram os dados por não estarem integrados no sistema “Justiça Aberta”. (Eduardo Militão)