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Congresso em Foco
9/2/2007 | Atualizado às 22:04
A insatisfação com os políticos tradicionais e o desgaste do Poder Legislativo estão por trás da tendência que ora se verifica na América Latina de emegerência de vários governantes de esquerda. A nova tendência também está relacionada com a redução da influência política dos EUA na região.
Com a imagem do Parlamento arranhada e a idéia de que os congressistas nada fazem, o chefe do poder Executivo acaba ganhando força junto aos eleitores. Respaldados pela grande votação nas urnas, Lula, o boliviano Evo Morales e o venezuelano Hugo Chávez são exemplos de presidentes que se dirigem diretamente à população para prestar esclarecimentos e pedir apoios.
“Se a população percebe que o Parlamento não está sendo útil, pode dar autonomia ao presidente, como aconteceu na Venezuela. Hugo Chávez está presidindo com decreto e o Parlamento ficará fechado por 18 meses”, destaca o professor José Alves Donizeth, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília.
Apesar da força dos novos presidentes, o cientista político acredita que não há motivos para temer tentativas de perpetuação no poder. “Fala-se muito em ‘neopopulismo’ na América Latina, mas houve um ganho de qualidade dos anos 50/60 para cá e a capacidade de manipulação dos interesses públicos ficou menor”, argumenta.
A mudança nas estruturas políticas da América do Sul, de acordo com a avaliação de Donizeth, só foi possível porque os Estados Unidos, que sempre tiveram grande influência na região, passaram a priorizar a guerra no Iraque e a cruzada de Bush contra grupos radicais islâmicos, dando a oportunidade para que os países sul-americanos tivessem mais independência em suas relações com a mais poderosa nação americana.
Semelhanças na estrutura
Com relação à estrutura política, os países da América do Sul guardam grandes semelhanças entre si. Todos são presidencialistas e quase todos eles têm congressos bicamerais (uma exceção é o Peru, onde o Legislativo é unicameral). Em maior ou menor grau, as desigualdades sociais atingem a todos e consistem no grande desafio dos políticos.
No momento, apenas a Colômbia mantém no poder forças conservadoras. O país solicitou ajuda dos Estados Unidos e tem conselheiros estadunidenses que atuam permanentemente na tomada de decisões.
“A Colômbia é uma ilha de conservadorismo político em um oceano de democracias populares. Lá existem duas organizações armadas lutando pelo poder e isso fez com que buscassem a ajuda dos EUA”, explica o professor José Alves Donizeth.
As Guianas (francesa e inglesa) e o Suriname também estão mais afastados da realidade dos países vizinhos. Os três países têm comércio pouco desenvolvido e ainda mantêm estreitas relações com a França, a Inglaterra e a Holanda, respectivamente. A Guiana Francesa ainda é protetorado dos franceses.
Nos demais países, está havendo o fortalecimento das forças não-tradicionais. Dos políticos vindos do povo ou, pelo menos, dos políticos que prometem melhorar as condições de vida da população. Esse é o caso do Brasil, da Venezuela, da Bolívia, do Peru, do Equador, do Uruguai, do Chile e da Argentina.
Apesar disso, o professor Donizeth avisa que se o presidente não conseguir solucionar os problemas sociais, também sofrerá desgaste e abrirá espaço para as forças da oposição.
“Os países latino-americanos têm grandes desigualdades e os parlamentares têm dificuldade para achar soluções. Fazer com que a democracia chegue à economia”, analisa ele. “O Parlamento tem que assumir uma postura mais firme com relação à distribuição igualitária do orçamento. Enquanto isso não acontecer, as estruturas políticas tradicionais irão continuar se desgastando e quem chegar falando que vai solucionar o problema ganhará força até que a população perceba que a solução não virá. Isso perpetua a instabilidade política”, acredita o professor.
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