Grampos de Roriz chegam a Tuma

 

A Justiça do Distrito Federal deve enviar hoje (3) ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), grampos telefônicos e documentos da Operação Aquarela que comprometem o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF). Ontem, a 1ª Vara Criminal de Brasília autorizou o envio dos papéis e de um CD aos parlamentares. Os documentos só não foram mandados na segunda-feira (2) porque ainda estavam em poder de promotores do Ministério Público do DF. A Operação Aquarela apontou uma quadrilha acusada de lavar dinheiro na capital com ajuda de dirigentes do Banco de Brasília (BRB).

 

Tuma vai receber ainda mais documentos contra Roriz nos próximos dias. O PT brasiliense, inimigo histórico do senador na capital do país, encaminhará à Corregedoria uma representação, verdadeiro dossiê com acusações contra o senador dos tempos em que ele era o governador do Distrito Federal.

 

A papelada – assinada também pelo PCdoB, PPS, PDT, PSB, CUT e UNE – foi levada à Controladoria Geral da União (CGU) e ao Ministério Público do DF. Agora, a intenção é fazer as denúncias chegarem ao Senado, ao Ministério da Justiça e ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza.

 

Partilha

 

A representação pede que uma força-tarefa dos órgãos de investigação faça uma auditoria especial no DF. O objetivo: “apurar a ocorrência ou não de: sonegação fiscal, enriquecimento ilícito, desvios de dinheiro público da União repassados ao Distrito Federal, operações de lavagem de dinheiro, corrupção, ilegalidades e imoralidades supostamente cometidas durante a gestão do ex-governador e atual senador pelo Distrito Federal, Joaquim Domingos Roriz (1999 a 2006)”.

 

O documento começa por citar a própria Operação Aquarela, na qual o parlamentar do PMDB foi flagrado num grampo com o então presidente do Banco de Brasília, Tarcísio Franklin de Moura. Na conversa, Roriz e Franklin discutem a partilha de R$ 2,23 milhões em dinheiro vivo no escritório do presidente do Conselho de Administração da Gol Transportes Aéreos, Nenê Constantino.

 

Outra denúncia envolve o Instituto Candango de Solidariedade (ICS), entidade filantrópica que recebeu R$ 2,6 bilhões do Governo do Distrito Federal (GDF) entre 1999 e 2006, período em que Roriz governou a capital pela última vez. O instituto é acusado pelo Ministério Público do DF de ser usado para desviar R$ 26 milhões do governo local e do Ministério da Saúde.

 

Em conjunto com a Codeplan, uma estatal do governo da capital, o ICS superfaturou contratos, segundo o Tribunal de Contas do Distrito Federal, no valor de R$ 24 milhões em benefício de empresas de informática. Uma destas empresas, a Linknet, doou R$ 120 mil para a campanha à reeleição de Roriz em 2002.

 

Campanha

 

Naquela eleição, o hoje senador é acusado pelo PT de usar dinheiro público para “contratar veículos usados na campanha, montar comitês eleitorais e pagar salários de cabos eleitorais”. Os valores, segundo a representação do partido, envolviam a Linknet, o ICS e uma terceira empresa, a Adler.

 

As denúncias não param por aí. Envolvem a relação de Roriz com bicheiros, o parcelamento ilegal de terras e grilagem, a contratação ilegal da empresa de lixo Qualix, a má aplicação de recursos do setor de saúde e da educação, além do "aumento patrimonial incompatível com as rendas do senador".