Reportagem do O Globo, publicada na edição de hoje, denuncia que o patrimônio de dois deputados acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias, Pastor Almir Moura (PFL-RJ) e Reinaldo Gripp (PL-RJ), triplicaram o valor de seus bens de 2002 a 2006. Os deputados estão sendo investigados pela Corregedoria da Câmara dos Deputados.
A reportagem, assinada pela repórter Mirella D' Elia, mostra que a lista de bens declarada ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) em 2002 triplicou ou quase quadriplicou se for feita comparação com as declarações entregues ao TRE este ano.
De acordo com a matéria, o deputado Pastor Almir Moura declarou, em 2002, ter um patrimônio de R$ 160 mil. Quatro anos depois, a lista de bens informada a o TRE quadruplicou: o valor declarado de seu patrimônio é de R$ 652 mil.
Já o deputado Reinaldo Gripp, diz a repórter do O Globo declarou, em 2002, ter um patrimônio de R$ 418 mil. Entre os bens informados ao TRE há quatro anos constam um imóvel de R$ 270 mil, terras no valor R$ 100 mil e cotas que quatro empresas hospitalares, uma delas no valor de R$ 22 mil.
Em 2006, Gripp que é médico, informou ao TRE ter um patrimônio três vezes maior: de R$ 1,26 milhão. Na lista de bens declarados consta uma casa de R$ 50 mil. O valor das cotas em empresas hospitalares passou para R$ 360 mil. O deputado também informou ter dois imóveis, sendo um de R$ 300 mil e outro de R$ 450 mil, além de terras no valor de R$ 100 mil.
Almir Moura explicou que, como deputado federal, ganha mais do que como pastor e que, por isso, pôde melhorar de vida no período. "Tenho um salário melhor do que tinha antes e a minha vida melhorou. Não tenho nada que seja incompatível com o que eu ganho. Isso é óbvio. Tudo que adquiri foi declarado à Receita Federal", disse o deputado fazendo uma comparação com um ídolo do futebol: "quando jogava no Grêmio, o Ronaldinho Gaúcho ganhava muito menos que hoje, no Barcelona".
Primeiro suplente do PL, Reinaldo Gripp assumiu o mandato durante dois meses em 2002, no lugar de Ronaldo Cezar Coelho, quando este assumiu a Secretaria Municipal de Saúde do Rio. Em setembro de 2005, substituiu Carlos Rodrigues, que renunciou ao mandato para escapar de um processo de cassação por envolvimento no escândalo do mensalão. Ele diz que triplicar o patrimônio em quatro anos não é anormal.
"Eu não considero esse aumento tão expressivo mas, com certeza, não tem nada a ver com meu mandato. Em 2003 e 2004 era suplente. Em 2002 e 2005 fiquei pouco tempo na Câmara. Sou médico, um profissional liberal. É óbvio que, se houve esse aumento, foi em função da minha profissão", disse o deputado ao jornal O Globo.