Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Os principais trechos do depoimento do delegado

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Os principais trechos do depoimento do delegado

Congresso em Foco

26/5/2006 | Atualizado às 2:50

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

A MÁFIA NO SERVIÇO PÚBLICO
Celso Ferro, delegado civil do Distrito Federal:

"O que nós identificamos, durante todo esse trabalho, e a impressão que nos dá, como delegados e analistas que trabalham, é de que praticamente todo concurso público no País é fraudado. O Sr. Hélio Ortiz tinha articulação com diversas outras quadrilhas, em outros Estados. E esse tipo de esquema, com facilitação de pessoas ingressarem no concurso público, me parece que é algo, assim, que já vem de 20 anos para cá, pelo menos. E nós não temos, aqui, a capacidade de mensurar, de forma nenhuma, quantas milhares de pessoas que adentraram no concurso público, adentraram na administração pública mediante fraude. Ele mesmo nos relatou que atua neste ramo já há 25 anos, pelo menos."

COMO A QUADRILHA ATUAVA
"De diversas formas ele atuava. Uma das formas era conseguindo, por intermédio das empresas que promovem a organização do concurso, conseguindo a prova. E ele elabora a prova. Elaborando a prova, ele tem o gabarito. E, assim, esse gabarito é repassado para os candidatos, durante a prova, por mensagem eletrônica. Nessa modalidade, ele faz a inscrição de pessoas no concurso. Por exemplo, pessoa que entende muito da área de Direito Penal; outro, conhece bastante de Direito Administrativo; Direito Constitucional. Cada um faz a sua parte, em 15 minutos de prova. Depois, eles saem da prova. Lá, eles montam o gabarito e transferem a mensagem, via pager, via telefone celular ou, então, por pontos eletrônicos, que ele adquiria e passava para esses candidatos. A outra forma também era a passagem direta do gabarito, que ele conseguia junto com as empresas que organizavam o concurso. Bom, isso ficou bem claro para nós durante todas as diligências. E repito aqui: nós temos essa convicção, porque praticamente foram 60 telefones interceptados durante 6 meses. Então, é um volume imenso de informações que nós temos, e podemos afirmar isso. Essa atuação geralmente era direcionada para concursos públicos de órgãos da Justiça, da Polícia, de Fiscal do Trabalho, Fiscal Tributário. Então, são, assim, órgãos e cargos-chave que, certamente, todos aqui podem concluir que é uma questão bastante nociva para a sociedade. (...) Existia um outro esquema, como eu relatei, o senhor me permita repetir, em que ele inscrevia pessoas, professores, que faziam a prova rapidamente, saíam da prova e lá fora eles montavam um gabarito, para depois repassar para os candidatos por via eletrônica. Então, em alguns casos tinha a participação de organizadores de concursos e em outros casos era o esquema dele próprio com pessoas inscritas no concurso."

AS FORMAS DE PAGAMENTO
"Havia, vamos dizer assim, à boca miúda, a informação de que alguém poderia facilitar aquele candidato passar num concurso, mediante pagamento de um determinado valor - 30, 40, 50 mil reais. Isso estava relacionado ao salário do cargo. Então, o valor alterava em razão do salário do cargo. Inclusive o pagamento poderia ser efetuado após a posse, em diversas parcelas. Então, essa arregimentação, esse recrutamento geralmente ocorria em cursinhos."

INFILTRAÇÃO NO JUDICIÁRIO
"Nós conseguimos, durante as investigações - como eu falei, iniciamos em novembro de 2004 até agora -, identificar algumas pessoas. Principalmente no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, nós conseguimos identificar mais de 30 pessoas, mais de 30 Oficiais de Justiça, Técnicos Judiciários que adentraram mediante fraude. Inclusive corre processo administrativo no Tribunal de Justiça. Então, veja bem, são pessoas que estão trabalhando em cartório, que estão trabalhando em varas criminais, que têm ali acesso a representações judiciais feitas pela polícia."

INFILTRAÇÃO NA POLÍCIA
"Em 1998, nessa atividade de segurança orgânica, no sentido de neutralizar entrada de pessoas na instituição policial, já naquela época, no último concurso em que adentraram na Polícia Civil do Distrito Federal aproximadamente mil policiais, nós conseguimos identificar 5 pessoas que estavam ligadas a crime organizado, Comando Vermelho, principalmente no Rio de Janeiro, que fizeram concurso da Polícia Civil do Distrito Federal e foram não-recomendadas na investigação social. Inclusive isso corre processo na Justiça dos candidatos na tentativa de reingressarem. Inclusive um deles, que eu não lembro o nome, conseguiu já uma decisão judicial e vai tomar posse na Polícia Civil. Logicamente, a gente vai ter que ficar monitorando essa pessoa para o resto da vida. Nessa questão do concurso público agora, da máfia, de Agente Penitenciário da Polícia Federal, nós, no dia da operação, prendemos 70 pessoas que estavam lá realizando a prova, que tinham encomendado o gabarito com o Sr. Hélio Ortiz."

FRAUDE EM CONCURSO DA POLÍCIA
"Celso Ferro - Bom, ficou comprovado na Polícia Civil do Distrito Federal a tentativa, que nós neutralizamos, no último concurso agora no final de 2004 para 2005. E nós neutralizamos a atividade para que a gente não tivesse prejuízo no concurso. Ficou confirmado que ele fraudou o concurso da Polícia Militar do Distrito Federal.
Deputado Neucimar Fraga - Qual o período?
Celso Ferro - O último concurso.
Deputado Neucimar Fraga - O último concurso foi fraudado?
Celso Ferro - Foi fraudado.
Deputado Neucimar Fraga - Já foram identificados os policiais citados por ele?
Celso Ferro - Ele confessou, mas ainda não foi identificado...
Deputado Neucimar Fraga - O concurso foi anulado da Polícia Militar?
Celso Ferro - Não. Ele confessou que fraudou. O concurso já existiu e as pessoas já tomaram posse.
Deputado Neucimar Fraga - Já tomaram posse?
Celso Ferro - E já estão trabalhando.
Deputado Neucimar Fraga - Então, nós podemos ter diversos policiais militares no Distrito Federal que podem ser membros de organizações criminosas que tinham relação com Ortiz?
Celso Ferro - É possível.
Deputado Neucimar Fraga - A Federal teve algum?
Celso Ferro - É possível também com relação à Polícia Federal.
Deputado Neucimar Fraga - Ele confessou algum com a Federal?
Celso Ferro - Ele nos relatou em entrevista, mas não quis prestar depoimento sobre esse assunto, afirmar em documento.
Deputado Neucimar Fraga - Mas relatou em entrevista?
Celso Ferro - Relatou, não só da Policia Federal, Polícia Civil do Distrito Federal, outras polícias estaduais. Foram inúmeros concursos em que ele atuou."

CONCESSÃO DE HABEAS-CORPUS
"Exatamente. E aí qual é a situação? A situação é que durante todas as diligências e as informações que nós analisamos, em vários momentos, o Sr. Hélio Ortiz conversa com advogados oferecendo esquemas de concessão de HC para soltura de presos. Um deles, que está bastante comprovado, é ele conversando com um advogado em São Paulo, o nome Airton, que oferece para ele uma facilitação para a concessão do HC do traficante Belo. E uma outra situação também ele conversa com o Sr. Jorge Dutra, que é um grande estelionatário no País, conversa com ele, quando o Sr. Jorge Dutra estava dentro do presídio, o Sr. Jorge Dutra estava usando um telefone dentro do presídio do Acre, e ofereceu para ele também um esquema de concessão de HC, porque realmente ele é bastante articulado no Judiciário e pessoas. E, por coincidência, nós não chegamos a confirmar isso, mas por coincidência, logo 2 meses depois, o Sr. Jorge Dutra saiu, foi posto em liberdade."

PCC E CV
"Deputado Paulo Pimenta - Com relação ao PCC e ao Comando Vermelho, vocês conseguiram identificar claramente uma negociação envolvendo o Hélio para esse concurso de Agente Penitenciário Federal. Conseguiram pegar essa conexão?
Celso Ferro - Não, nós não podemos afirmar que o Sr. Hélio Ortiz tinha ligação com o PCC e com o Comando Vermelho."

COMO NÃO DEIXAR SUSPEITAS
"É, durante as investigações, nós verificamos que o Hélio Ortiz, a sua esposa, a sua filha, eles orientavam os candidatos a não zerarem o gabarito, vamos dizer assim. Inclusive, quando ele repassava o gabarito para os candidatos, ele não repassava de todas as questões, justamente para não dar essa impressão, não levantar a suspeita de que várias pessoas tiraram a máxima nota. Também verificamos que em alguns concursos públicos que tinham a prova objetiva e a prova escrita, então, o cidadão passava na prova objetiva, tirava uma nota alta e na prova escrita tirava zero. E aí ficava esse contra-senso que também foi uma evidencia que fez a gente fazer uma análise. Logicamente que esse tipo de coisa a pessoa entra com um recurso na Justiça e acaba ingressando."

OBSTÁCULOS ÀS INVESTIGAÇÕES
"A gente tem alguns detalhes jurídicos que realmente entravam esse processo. A questão de competência é uma delas que tem de ser revista, a questão também do instituto de cartas precatórias, porque, hoje, o crime não é mais regionalizado. Hoje, ele está com a característica transestadual, atuando em diversos pontos do País. Não existe mais aquela figura do criminoso regionalizado. Hoje, ele está no Rio de Janeiro, amanhã, ele está praticando um assalto, um roubo a banco na Bahia, no Distrito Federal. Então, é preciso rever essa situação. São necessários instrumentos para as polícias trabalharem, inclusive mais integradas com a Polícia Federal, porque a Polícia Federal também não vai dar conta de tudo, porque é um volume imenso de informações, de investigações. Que esses instrumentos sejam revistos."

Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Temas

Reportagem

LEIA MAIS

Justiça

Damares é condenada a indenizar professora por vídeo postado em redes sociais

Senado

Governo deve perder controle de quatro comissões no Senado

LEI DA FICHA LIMPA

Bolsonaristas articulam mudança na Ficha Limpa para tornar Bolsonaro elegível

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

SABONETES E PERFUMES

Lula sanciona lei que dispensa registro de cosméticos artesanais

2

Prêmio Congresso em Foco

Veja quem lidera a primeira parcial do Prêmio Congresso em Foco 2025

3

TENSÃO ENTRE VIZINHOS

Lula assume Mercosul na Argentina e enfrenta desafio com Milei

4

SEGURANÇA PÚBLICA

PF publica requisitos para porte de armas por guardas municipais

5

Governo

Lula assina decreto para reduzir agrotóxicos na agricultura

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES