Dois meses depois de o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ter denunciado 40 pessoas por envolvimento no escândalo do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não conseguiu notificar todos os investigados.
Entre os que não foram encontrados até agora está o deputado cassado e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT-SP), que esteve hoje em Brasília para reunir-se com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a alguns metros do STF. Fora isso, Dirceu freqüentemente dá palestras e participa de eventos públicos no país.
A informação sobre o paradeiro desconhecido do petista foi dada pelo relator dos dois inquéritos que tramitam no STF e apuram o mensalão, ministro Joaquim Barbosa. Ele também contou que, antes de apresentar a denúncia, o procurador pediu a prisão de suspeitos de envolvimento com o mensalão, entre eles o empresário Marcos Valério de Souza, além mulher e os sócios dele.
Além de Dirceu, os oficiais de Justiça não conseguiram notificar também o deputado José Janene (PP-PR), e os ex-deputados Pedro Corrêa e Paulo Rocha.
Perguntado se também teria sido requisitada a prisão de José Dirceu, Barbosa acenou afirmativamente com a cabeça. Em seguida, questionado se realmente havia sido pedida essa prisão, ele disse que não "fulanizaria".
O ministro afirmou ter rejeitado todos os pedidos de prisão. Segundo ele, a prisão preventiva não pode ser utilizada como uma antecipação de cumprimento de pena. Ele observou que é necessário que existam fatos que motivem a prisão, como risco de fuga ou de cometimento de novos crimes. "Os requisitos (de prisão preventiva) são muito rigorosos", disse. "A prisão cria dificuldades processuais", acrescentou.