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Para especialistas, imprensa não cumpriu seu papel

Congresso em Foco

22/5/2006 | Atualizado às 22:22

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Rafaela Céo

Flagrante de corrupção nos Correios, compra de apoio político no Congresso, denúncias em série contra os principais nomes do governo. Cassações, dança da pizza, lobby regado a festas com garotas de programa e, claro, dinheiro - muito dinheiro - transportado em malas, cueca e caixas de uísque. Desde que a edição de 18 de maio de 2005 da revista Veja chegou às bancas, denunciando um esquema de cobrança de propina nos Correios, a crise política tomou conta de vez do noticiário, animou os discursos da oposição e estremeceu a república.

Difundidos por jornais, rádios e TVs e pela internet, termos como mensalão, caixa dois e valerioduto caíram na boca do povo e aumentaram os já elevados índices de rejeição aos políticos às vésperas das eleições gerais. A organização não-governamental Transparência Brasil, especializada no combate à corrupção, calcula que, desde o começo da crise até hoje, foram publicadas mais de 31 mil matérias sobre o mensalão, o que dá ao tema o título de assunto mais abordado pelo noticiário político impresso desde janeiro de 2004.

Mas, apesar da cobertura exaustiva da teia de escândalos que envolvem o governo Lula, a imprensa também cometeu seus pecados e nem sempre chegou até onde poderia chegar, segundo especialistas no assunto ouvidos pelo Congresso em Foco.

"Caça a presidentes"

Para o jornalista Alberto Dines, editor do site de acompanhamento da mídia Observatório da Imprensa, há pontos positivos e negativos na cobertura da crise. Na opinião dele, os jornais se saíram melhor que as revistas, que erraram a mão, substituindo a investigação jornalística pelo sensacionalismo. De modo geral, porém, ele acredita que a imprensa aprendeu com Collor "que derrubar presidentes era seu grande objetivo". "Todo mundo quis derrubar o seu. É a caça aos presidentes", avalia (veja a entrevista completa). 

Com a experiência de quem cobre os bastidores da política em Brasília há mais de 40 anos, o jornalista Carlos Chagas discorda. Para ele, há, sim, certa condescendência dos veículos de comunicação com o presidente Lula. "A imprensa muitas vezes poupou o presidente", avalia. Uma boa vontade que cresceu, segundo ele, à medida que Lula adotou um discurso mais conservador, agradável aos ouvidos do empresariado. "Os donos de jornais também são donos de outras empresas. E, por isso, a notícia acaba atendendo a interesses empresariais. E o noticiário fica condicionado. Faz parte do jogo."

Ânsia pela denúncia

Um dos principais estudiosos das relações entre mídia e política no país, o professor da Universidade de Brasília (UnB) Venício Arthur de Lima acredita que, na ânsia pela denúncia e pela necessidade de publicá-la antes dos concorrentes, jornalistas deixaram de lado a busca pela exatidão e, em alguns casos, comprometeram pessoas inocentes.

"Houve durante toda a cobertura uma vontade muito grande por parte dos jornalistas de serem os responsáveis por descobrir algo que comprometesse definitivamente o governo. Essa atitude afetou a qualidade do jornalismo praticado". É o que ele chama de síndrome de Watergate, numa referência ao clássico caso em que a investigação jornalística derrubou um presidente nos EUA (saiba mais sobre o caso).

Como exemplo, Venício lembra da divulgação feita pelo Jornal Nacional, no ano passado, de uma lista de possíveis sacadores das contas do mensalão no Banco Rural em Brasília. Uma simples conferência no número da identidade das pessoas citadas revelou que os "sacadores" não passavam de homônimos de assessores parlamentares e desmontou a informação repassada pelo líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ). O próprio telejornal se retratou no dia seguinte, admitindo o equívoco. O estrago, porém, já estava feito.

Declarações, em vez de investigação

A valorização de declarações de parlamentares, quase nunca isentos numa disputa política, e a falta de aprofundamento na investigação dos focos de corrupção foram as principais falhas da cobertura da imprensa sobre a crise, segundo o coordenador-geral da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo.

Segundo ele, os jornalistas conseguiram avançar na apuração dos casos Palocci e Celso Daniel, mas deixaram a desejar no mais rumoroso dos escândalos "No caso do mensalão, o trabalho da imprensa foi reduzido à publicação do que os políticos diziam. Os jornalistas não foram mais a fundo na questão da corrupção e sua origem", afirma. A cobertura da crise política, na avaliação dele, acabou refletindo também a crise financeira que atinge os veículos de comunicação e se expressa no corte de pessoal. "Faltam recursos nas redações", completa.

Juíza da nação

Principais alvos de denúncias desde o início da crise, o PT e o presidente Lula já criticaram publicamente o comportamento da imprensa, acusando os veículos de estarem em campanha contra o primeiro "governo popular" da história do país. E questionando a ausência do mesmo ímpeto investigativo no governo Fernando Henrique Cardoso. "A mídia virou juíza da nação ao invés de permanecer como palco onde a nação debate", criticou o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.

O pesquisador Venício de Lima acredita que é difícil comparar o esforço da mídia na cobertura de denúncias contra dois governos distintos. Mas recorda que não se observava o mesmo interesse nas investigações do bilionário processo de privatização na era FHC. "Os poderosos da época tinham força política suficiente para impedir a investigação. Agora não há essa força", afirma.

Greve de fome

Curiosamente, a reação mais exaltada contra a imprensa veio de um dos principais inimigos do governo federal, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho. Dizendo-se perseguido pela mídia, o pré-candidato do PMDB à Presidência conseguiu ocupar, com uma inusitada greve de fome, o espaço do noticiário que vinha sendo dedicado a denúncias contra a sua pré-campanha.

O protesto durou 11 dias e só foi suspenso após o Tribunal de Justiça (TJ) conceder a ele direito de resposta no jornal O Globo e na revista Veja, autores da série de reportagens consideradas persecutórias pelo peemedebista. Garotinho encerrou a greve 7 kg mais magro. Mas a Justiça acabou suspendendo o direito de resposta a pedido da revista e do jornal. "Se eu fosse entrar em greve de fome toda vez que a imprensa fala de mim, eu seria um natimorto", ironizou Lula ao comentar o gesto do adversário político.   

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