Após reunir-se com os presidentes da Bolívia, Venezuela e Argentina, na cidade argentina de Puerto Iguazu, para discutir a nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos, o presidente Lula anunciou que não houve acordo para evitar um possível aumento no preço do gás exportado pelo país vizinho ao Brasil.
Segundo o presidente, ficou acertado apenas que os preços serão discutidos "de forma democrática" e que "pendências serão resolvidas bilateralmente entre Brasil e Bolívia e entre Petrobras e a YPFB (estatal de petróleo boliviana)". O Brasil consome todos os dias cerca de 23 milhões de metros cúbicos de gás importado da Bolívia.
Novos investimentos na Bolívia
Apesar disso, Lula não descartou novos investimentos brasileiros e da própria Petrobras para a exploração de recursos naturais no país vizinho. O presidente disse que a Petrobras "tem autonomia" para direcionar os próprios investimentos, mas afirmou que a empresa vai continuar injetando recursos na Bolívia, se houver acordo em benefício dos dois países.
A garantia foi considerada mais amena do que a declaração do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Ontem, ele disse que a estatal vai suspender os investimentos na Bolívia previstos para este ano - inclusive a ampliação do gasoduto Brasil-Bolívia.
O dirigente afirmou também que não aceita aumentos no preço do gás fornecido pelo país vizinho porque a mudança não está prevista no contrato assinado entre a empresa e o governo boliviano. Gabrielli reforçou que, se for preciso, está disposto a contestar a imposição de reajustes em uma corte arbitral de Nova York.
Ao lado dos três presidentes, porém, Lula disse que vai trabalhar para evitar atritos diplomáticos. "Vamos ver como contribuir para a Bolívia melhorar a qualidade de vida de sua gente", afirmou, ao enfatizar que está aberto para firmar outros acordos comerciais com a Bolívia além da venda de gás. "Nenhum dos presidentes aqui vai tomar uma decisão que dificulte a integração da América do Sul e do Mercosul", emendou.