Sete dias após ter sido absolvido pelo Plenário da Câmara da acusação de ter recebido recursos do valerioduto, o deputado José Mentor (PT-SP) pode ter de responder a um novo processo. A presidência da Casa enviou hoje à Corregedoria uma representação do Ministério Público de São Paulo contra o deputado.
Os procuradores acusam Mentor de ter recebido R$ 300 mil do doleiro Richard Andrew de Mol van Otterloo para excluir seu nome do relatório final da CPI do Banestado, da qual foi relator. De acordo com o doleiro, a orientação para que efetuasse o pagamento partiu de Flávio Maluf, filho do ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf. A CPI do Banestado apurou o envio ilegal de dinheiro para o exterior e acabou em 2005 sem conclusões.
A representação foi protocolada na Câmara na noite de quarta-feira passada, no mesmo dia em que o petista foi julgado pelo Plenário, acusado de ter recebido R$ 120 mil do empresário Marcos Valério Fernandes. Faltaram apenas 16 votos para que ele fosse cassado.
Caso a nova denúncia seja aceita pela Corregedoria, o processo seguirá para o Conselho de Ética, onde Mentor terá de responder a novo processo de cassação. Por meio de sua assessoria, o petista disse que não conhece o doleiro e que nunca recebeu dinheiro dele ou de qualquer outra pessoa para amenizar as investigações da CPI.
O deputado afirma ter quebrado o sigilo bancário e fiscal de muitos doleiros, mas que não se lembra se Richard Andrew estava ou não entre eles. Mentor disse ainda que fez "inimizades demais" na CPI e que essas histórias são "inventadas" com o intuito de prejudicá-lo.