A Sub-relatoria de Fundos de Pensão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios está tomando o depoimento do operador de mercado Alexandre de Athayde Francisco. Ele acusa o ex-secretário de Comunicação do governo Lula, Luiz Gushiken, e o ex-dirigente do PT Marcelo Sereno de intermediarem negócios fraudulentos de fundos de pensão para enriquecimento ilícito de empresários e políticos.
Em seu depoimento, o operador colocou sob suspeita a venda de ações, no valor de R$ 745 milhões, da siderúrgica Acesita pela Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil. A venda, para a companhia belga de siderurgia Arcelor, foi feita em outubro do ano passado sem leilão. Alexandre Francisco lembrou, no entanto, que haviam outras empresas interessadas nas ações da Acesita. "No mercado, todo mundo sabe que a operação foi feita devido ao interesse do ex-ministro de Comunicação Institucional Luiz Gushiken", acrescentando que o presidente da Previ, Sérgio Rosa, é a "sombra do Gushiken".
De acordo com o operador, o PT se beneficiou com a operação, que causou prejuízo ao fundo. Alexandre Francisco disse que as ações poderiam ter alcançado melhores preços, caso houvesse leilão. Mas a dispensa do leilão implicou o pagamento de uma comissão para a corretagem das ações. "Uma comissão de 1% em um negócio desse volume rende R$ 7,45 milhões", calculou. Ele disse que as corretoras recebem a comissão com as operações irregulares, mas que "uma parte grande vai para o caixa dois dos partidos".
Alexandre Francisco citou os fundos Real Grandeza (dos empregados de Furnas) e o Prece (dos funcionários da companhia de água do Rio de Janeiro, a Cedae) como intermediários do enriquecimento ilegal de alguns empresários e operadores de mercado, bem como do financiamento eleitoral de candidatos do PT. Entre os empresários que enriqueceram, o operador citou Haroldo de Almeida Rego, conhecido como Pororoca, e seus filhos Murillo e Christian. "Esses operadores não são de ganhar na gordura dos papéis. Eles botam a mão na caixa mesmo", afirmou. Alexandre Francisco disse ainda que, após a entrevista que concedeu em setembro de 2005 ao jornal
Correio Braziliense, recebeu uma ligação de Murillo ameaçando-o de morte.
Entre os candidatos que foram financiados em 2002, estão
Benedita da Silva (ministra da Assistência Social), Fernando Gusmão (vereador, pelo PC do B, da cidade do Rio de Janeiro) e Lindberg Farias (prefeito de Nova Iguaçu, município do Rio de Janeiro). Benedita e Lindberg são do PT.
O depoimento do operador prossegue na sala 19 da ala Alexandre Costa, no Senado.