[caption id="attachment_37009" align="alignleft" width="300" caption="Conhecido pelo estilo sereno, Suplicy se solta ao reviver seu passado de pugilista"]
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Fábio Góis
O termo “luta” é uma das metáforas preferidas de alguns parlamentares quando querem dar tons dramáticos às suas trajetórias políticas. Mas alguns não se limitam à figura de linguagem: “mestres” em artes marciais ou exímios praticantes de “esportes de combate”, congressistas como o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), o senador petista Eduardo Suplicy (SP) e o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB), agora senador por Alagoas, já despejaram muito suor e desferiram muitos golpes em tatames ou ringues de luta.
Ex-pugilista, Eduardo Suplicy falou ao Congresso em Foco pouco antes de fazer uma palestra em São Paulo, na última sexta-feira (9). “Por coincidência”, disse, tinha à mão um exemplar de seu livro Um notável aprendizado – A busca da verdade e da justiça desde os tempos do boxe ao Senado, coletânea de artigos em que registra sua experiência no boxe, que lhe deu “mais instrumentos para a defesa pessoal”, além, é claro, de defender sua principal bandeira política, o programa de renda básica e cidadania.
“O boxe foi um extraordinário aprendizado. O preparo físico da luta exige muito, e fez com que eu tivesse uma disciplina pessoal que mantenho até hoje”, disse Suplicy, lembrando que seu primeiro contato com o boxe, em 1962, foi em um campeonato de estreantes em São Bento de Sapucaí, próximo a São Bernardo do Campo (SP). “Se eu não mantiver minha forma física, o trabalho no Senado não fica bom.”
Suplicy disse ter vencido o torneio no interior de São Paulo, quando era “peso leve”. Nove anos depois, ele realizou duas lutas, como meio pesado, em um campeonato promovido pela Gazeta Esportiva, no Ginásio Wilson Russo, na capital paulista. Ouvindo gritos da platéia dirigidos ao adversário (“Acaba logo com esse filhinho da mamãe!”, relatou), venceu a primeira, tendo recebido incentivo providencial do treinador, Lúcio Inácio da Cruz, no vestiário.
“Ele me disse: ‘não vai se impressionar com o tamanho do negão que vai ser seu adversário’”, recorda o senador, que foi derrubado no primeiro assalto, mas reagiu e nocauteou por duas vezes o oponente. “No dia seguinte, a Gazeta Esportiva deu com destaque: ‘Eduardo Suplicy sai da lona para ganhar por nocaute’”, completou Suplicy, mencionando trecho do livro.
Na luta do dia seguinte, Suplicy disse ter desenvolvido “bolhas na língua” e febre, de tanta tensão. O adversário era “o índio do Amazonas” Getúlio Veloso, que acabou com os planos do senador na semifinal.
“A luta foi equilibradíssima e dura, com ambos os adversários desferindo socos contundentes, mas não houve quedas nos três assaltos”, conta o senador. Vitória de Suplicy, por pontos (“2x1”) que, dois dias depois, causariam polêmica. “Fui chamado à sede da Federação Paulista de Pugilismo. Disseram-me que um dos jurados havia se enganado na papeleta. Portanto, eu teria perdido. Estranhei o procedimento e propus nova luta, mas deram a vitória a Getúlio”, lamenta o petista.
Recentemente, Suplicy topou calçar as luvas de boxe em uma brincadeira com o personagem “Xupla”, do programa Pânico na TV, da Rede TV!, cujo nome faz alusão ao filho cantor Supla. Trocando socos com o “filho”, Suplicy mostrou que ainda aguenta alguns rounds. O episódio está registrado no Youtube. Confira o vídeo: