Em depoimento à CPI dos Cartões, o consultor legislativo do Senado e funcionário do gabinete do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) André Eduardo da Silva Fernandes afirmou que se sentiu "intimidado" com o envio do e-mail contendo o dossiê com dados de gastos sigilosos do ex-presidente FHC. Em seu depoimento, Fernandes também afirmou que o dossiê foi feito a pedido de Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil.
O e-mail foi encaminhado a ele pelo ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes. Aparecido é apontado como o vazador de informações sigilosas da Casa Civil. "Eu não pedi para receber nada. Senti-me intimidado", disse.
Fernandes, que participou da CPI do Banestado, em 2004, como assessor do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), acusa o "ex-amigo" José Aparecido de ter atitudes conflituosas. Segundo o consultor, o ex-assessor da Casa Civil fazia ameaças de forma recorrente. Em 2004, segundo ele, Aparecido teria dito: "Nós somos o lado forte, o Antero está perdido".
O consultor negou também que vazou os dados recebidos para a imprensa. O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), questionou se houve chantagem por parte de Aparecido. André Eduardo respondeu que, se houve chantagem, foi contra o PSDB. "Sou assessor de um dos principais senadores da oposição", afirmou Fernandes.
André Fernandes contou que, no dia 18 de fevereiro, encaminhou um e-mail para uma lista da qual fazia parte o ex-secretário. Em seguida, de acordo com o consultor, ele foi convidado pelo então amigo para um almoço. Dois dias depois, Aparecido teria encaminhado um e-mail com um "banco de dados seletivos", como foi denominado pelo ex-secretário.
O senador Alvaro Dias disse que o vazador já foi descoberto. "O que interesse agora é saber quem mandou vazar as informações", disse. (Renata Camargo)