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Congresso em Foco
24/7/2006 | Atualizado às 7:02
Sylvio Costa e Renaro Cardozo
De acordo com as declarações de bens entregues à Justiça eleitoral, pertence ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) o candidato a cargos majoritários na região Sul com maior patrimônio pessoal: o empresário Antonio Carlos Sontag, que disputa o cargo de governador de Santa Catarina. Ele declarou bens com valor total superior a R$ 11,4 milhões.
O segundo mais rico na região, segundo os dados registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é o senador Osmar Dias, do PDT, adversário do governador Roberto Requião (PMDB) na eleição para o governo do Paraná. Os bens declarados pelo senador totalizam mais de R$ 3,7 milhões.
Na soma geral, PSB e PDT também são os dois partidos com candidatos de maior patrimônio no Sul do país. O total dos bens informados pelos concorrentes das duas legendas ultrapassa, respectivamente, R$ 11,8 milhões e R$ 5,9 milhões.
Em seqüência ao levantamento dos candidatos majoritários do Sudeste, colocado no ar na última sexta (veja aqui), publicamos hoje a lista dos bens declarados pelos concorrentes ao Senado e ao governo estadual na região Sul (leia a lista completa). Abaixo, algumas constatações resultantes da análise de suas declarações.
Patrimônio por partido
Tomando por base a soma dos bens declarados pelos candidatos de cada partido, as agremiações com concorrentes de maior patrimônio são, depois do PSB e do PDT, o PMDB (R$ 3 milhões), o PP (R$ 2,78 milhões), o PV (R$ 2,75 milhões), o PSDB (R$ 2,5 milhões), o PPS (R$ 2 milhões), o PT (R$ 1,9 milhão), o PFL (R$ 1,3 milhão) e o PSDC (R$ 1,2 milhão).
Ou seja: dos oito primeiros, cinco são partidos considerados de esquerda - PSB, PDT, PV, PPS e PT. Outras três legendas esquerdistas aparecem na lanterna: o PCO, campeão dos sem-grana, com patrimônio total de R$ 22,5 mil e na 18ª colocação; o PSTU, na 16ª posição, com R$ 115 mil; e o Psol, com R$ 281 mil, na 12ª posição.
Dos 18 partidos que apresentaram candidatos majoritários no Sul, somente o PT disputará os cargos de governador e senador nos três estados que integram a região, com um total de seis concorrentes. PDT, PV e PSDC têm, cada um, cinco postulantes.
O PMDB, apontado pelas pesquisas de intenção de votos como líder na corrida sucessória nas três unidades da federação, optou por não lançar nenhum nome para o Senado tanto no Paraná quanto em Santa Catarina para facilitar a composição com outras forças partidárias com vistas à reeleição dos governadores Requião e Luiz Henrique.
Em Santa Catarina, o aliado de Luiz Henrique é o pefelista João Raimundo Colombo, 51 anos, ex-deputado federal, reeleito em 2004 prefeito de Lages com 71% dos votos. Agora líder nas pesquisas para o Senado, Colombo, que renunciou ao mandato de prefeito para participar da disputa, é o único candidato majoritário do PFL no Sul.
Os mais ricos
Com um patrimônio declarado de R$ 1,3 milhões, o ex-prefeito de Lages, um pecuarista que encerrou os estudos após concluir o ensino médio, é o sétimo candidato mais rico da região.
À frente dele, além de Sontag e Osmar, estão, em ordem decrescente: o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), candidato à reeleição, com R$ 1,9 milhão; Valmir Batista (PDT-RS), que disputa o Senado, R$ 1,8 milhão; o ex-governador Esperidião Amin (PP), em busca de um novo mandato para o governo catarinense (R$ 1,42 milhão); e Requião, R$ 1,4 milhão.
Nenhum candidato, porém, aparece com fortuna pessoal sequer próxima daquela declarada por Antonio Carlos Sontag. Nascido há 48 anos no município gaúcho de Três Passos, o candidato do PSB ao governo de Santa Catarina é dono da Empresa Brasileira de Vigilância (EBV), que atua - em toda a região Sul e também em São Paulo - nas áreas de segurança, conservação, limpeza e de terceirização de mão-de-obra.
Seu patrimônio é formado basicamente por participações em empresas e imóveis. Mas ele demonstra ter uma queda especial por carrões. Entre os seus bens, estão um BMW de 2002, avaliado em R$ 162.682,33; um Chrysler 2004, no valor de R$ 190 mil; e um Pajero 2005, de R$ 150 mil.
As três máquinas valem mais de R$ 502 mil, cifra superior aos bens declarados por todos os 12 candidatos majoritários registrados na região Sul por cinco pequenos partidos: PCO, PSL, PSTU, PRP e PRTB. Nesse assunto, contudo, ele não está sozinho (leia mais)
Aliado ao PTB, que indicou o vice da sua chapa (o vereador Jair Miotto), ele convenceu a cúpula nacional do PSB a resistir à pressão do PT para que seu partido apoiasse o nome do ex-ministro da Pesca José Fritsch na sucessão estadual.
Venceu a batalha. Mas, apesar das suas elevadas posses e da previsão máxima de gastos de campanha que apresentou (até R$ 3 milhões), trata-se de um candidato nanico. De acordo com pesquisa realizada entre os últimos dias 10 e 12 pelo Ibope, Sontag não tinha naquela data nem 1% das preferências do eleitorado catarinense.
Curiosidades e contradições
Se Sontag é um grande empresário urbano do setor de serviços, o dono da segunda fortuna, o senador pedetista Osmar Dias, 54 anos, tem na área rural a origem de suas posses. A maior parte do seu patrimônio é constituído por fazendas, equipamentos agrícolas e créditos por venda de imóveis rurais.
O irmão dele, o também senador Alvaro Dias (PSDB), que busca um novo mandato, tem um perfil de investimentos bem diferente. Do seu patrimônio total próximo de R$ 2 milhões, Alvaro tem mais de R$ 1,3 milhão em imóveis urbanos, vários deles em Brasília e o restante no Paraná. O valor que possui em propriedades rurais é quase quatro vezes menor, R$ 356,5 mil.
As declarações revelam, ainda, algumas contradições. Manoel Dias, candidato do PDT ao governo de Santa Catarina, diz possuir, entre outros bens, três apartamentos, dois terrenos e uma Cherokee. Só que atribui a todos itens o valor de "R$ 0,00", isto mesmo que você leu: zero real.
Luiz Adão Marques (PSDC-PR), candidato a governador, declara ter um crédito de R$ 86.025,63 com o seu partido, referente a um empréstimo que fez. Só não dá para entender como ele emprestou o dinheiro, já que seus demais bens se resumem a um título de capitalização pouco superior a R$ 200 e a um apartamento, avaliado em R$ 87.119,68.
O deputado federal Alceu Collares (PDT), que disputa o governo gaúcho, tem um patrimônio bastante modesto, R$ 56,5 mil. O que não se compreende é o valor que ele lançou de R$ 6.573,00, relativo a "benfeitoria em sítio". O problema é que a declaração não fala em sítio nenhum. A benfeitoria foi feita em sítio alheio? De quem?
O ex-ministro da Reforma Agrária Miguel Rosseto, candidato do PT ao Senado no Rio Grande do Sul, declara "terminada a construção de uma casa, na Rua Dolores Duran, 2210, casa 07, bairro Agronomia, Porto Alegre, RS, com empréstimos pessoais de amigos". Valor que ele atribui à casa, R$ 60 mil (quase 60% do seu patrimônio de R$ 102 mil).
Nesse caso, há pelo menos duas perguntas: alguém que permaneceu mais de três anos como ministro de Estado não recebeu vencimentos suficientes para fazer um investimento desse valor? Que amigos prestam esse tipo de ajuda e com que interesse?
Candidato na corda bamba
Ao todo, 58 candidatos pediram registro para candidaturas a governador e senador na região Sul. O número de concorrentes, porém, poderá cair. Pelo menos um candidato deverá ter dificuldades para obter o deferimento do registro: Mário Bernd Neto (PPS), que concorre ao Senado no Rio Grande do Sul, numa coligação com o PSDB e o PFL.
Bernd Neto foi um dos 2,9 mil gestores ou ex-gestores públicos que, conforme relação divulgada no último dia 3 pelo Tribunal de Contas da União (TCU), tiveram suas contas rejeitadas por "irregularidade insanável" ou "decisão irrecorrível" nos últimos cinco anos. No caso do candidato do PPS, os problemas vêm do tempo em que ele foi o coordenador regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em seu estado.
Por isso, ele é em tese inelegível. No entanto, só quem pode declarar sua inelegibilidade é a Justiça Eleitoral, em atendimento à impugnação (contestação do registro da candidatura) por parte de candidato, partido político, coligação ou do Ministério Público.
Vice-governadores ricos
O levantamento realizado pelo Congresso em Foco não se propõe a examinar as declarações de bens dos candidatos a vice-governador e dos suplentes de senador.
Foi possível verificar, de qualquer maneira, que essa tarefa também pode render bons frutos. Há no mínimo dois candidatos a vice ricos na região Sul. O primeiro deles é o deputado estadual Hermas Brandão, 63, empresário que comprou uma briga com a direção nacional do seu partido, o PSDB, para entrar na chapa de Roberto Requião (PMDB). Paulista de Campinas, ele declarou bens que somam R$ 3.312.731,95.
O outro é o senador Leonel Pavan (PSDB-SC), candidato a vice na chapa do governador peemedebista Luiz Henrique. Gaúcho de Sarandi, mas há tempo estabelecido em Santa Catarina, seu patrimônio é de R$ 2.468.266,88.
Veja a lista dos bens declarados pelos concorrentes ao Senado e ao governo estadual na região Sul
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