Preocupado com a possibilidade de haver envolvimento de, no mínimo, 40 parlamentares com a máfia das ambulâncias, o presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou hoje que não pretende evitar a divulgação de nomes de deputados que estejam ligados ao esquema.
"Vai haver publicidade", afirmou. Biscaia teve acesso a um relatório sigiloso da Corregedoria da Câmara que apontaria fortes indícios de participação na máfia sanguessuga de vários deputados. O relatório teria gravações que revelariam, entre outras coisas, acertos para pagamentos de propina.
O presidente da CPI reafirmou que fará um apelo aos integrantes da comissão, no sentido de restringirem ao máximo a apresentação de pedidos de audiência para ouvir parlamentares suspeitos. "Porque senão, a CPI não fará outra coisa, a não ser ouvir deputado", declarou. Na avaliação do presidente, a CPI irá buscar provas para fundamentar as acusações contra esses parlamentares e caberá ao Conselho de Ética ouvir os suspeitos.
Biscaia e o relator da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), reúnem-se hoje com o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, e com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Ellen Gracie. Eles vão requisitar os inquéritos e demais documentos produzidos pela PF, pelo STF, e pelo Ministério Público a fim de agilizar os trabalhos da comissão. O deputado afirmou que durante esta semana fará a análise dos documentos dos três órgãos, para em seguida estabelecer o roteiro de trabalhos da CPI.
O regimento prevê que uma comissão parlamentar funcione em 180 dias, mas um acordo firmado entre os líderes partidários determinou que CPMI dos Sanguessugas encerre os trabalhos em 30 dias, prorrogáveis por mais 30.