O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares depõe hoje sem proteção judicial na CPI dos Bingos. O Supremo Tribunal Federal (STF) negou ontem o pedido de habeas-corpus encaminhado pela defesa do ex-petista. O depoimento está confirmado para as 11h.
Sem o amparo da liminar, Delúbio não poderá se negar a responder às perguntas dos parlamentares - situação delicada, já que a maioria da comissão é integrada por oposicionistas. Os senadores querem esclarecimentos do ex-tesoureiro a respeito de uma suposta doação de R$ 1 milhão de donos de bingo para campanha do presidente Lula em 2002. Na época, Delúbio era o responsável pelas finanças do comitê nacional do partido.
O ex-tesoureiro terá de falar também a respeito das recentes revelações do ex-secretário geral do partido Silvio Pereira. Em entrevista ao jornal O Globo há duas semanas, ele afirmou que o plano do empresário Marcos Valério de Souza era lucrar R$ 1 bilhão com o PT no governo. Valério, apontado como operador do mensalão, foi apresentado por Delúbio aos petistas.
Os integrantes da comissão aproveitarão também para questioná-lo sobre o suposto pedido de milhões de dólares ao banqueiro Daniel Dantas para a campanha do PT. Em troca, de acordo com Dantas, o governo evitaria embaraços para o Banco Opportunity.
Apesar da expectativa sobre Dantas, arrecadações de recursos em prefeituras petistas e com empresários de bingos também deverão ser assuntos abordados no depoimento.
Os parlamentares dizem que o objetivo é esclarecer por que Delúbio mantinha contatos com Vladimir Poletto, ex-assessor do ex-ministro Antonio Palocci que passou a atuar como lobista em Brasília durante o governo Lula.
Em sua decisão, o ministro do STF Marco Aurélio de Mello disse esperar que os parlamentares não cometam arbitrariedades ao tomar o depoimento de Delúbio. "Os cidadãos, em geral, devem colaborar com as autoridades constituídas na elucidação de fatos."