O ex-deputado e ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse ontem que o PT, partido pelo qual fez sua carreira política, é uma página virada em sua vida. A declaração de Dirceu, publicada na edição de hoje do Estado de S. Paulo, é esclarecedora, principalmente quando se analisa a que ponto chegaram as divergências internas do PT.
A entrevista de Dirceu ao correspondente Reali Jr. foi feita em Paris, onde o ex-deputado se encontra, ao lado do escritor Fernando Moraes. Dirceu planeja, agora, seguir carreira como advogado e escritor, preparando os depoimentos para o livro em que relata sua experiência de 30 meses na Casa Civil.
Mesmo garantindo que não guarda mágoa de ninguém, o ex-ministro chefe da Casa Civil disse que alguns deputados tentaram lhe banir da vida pública, mas não conseguiram. O petista, porém, não poupa alguns companheiros de partido, como os gaúchos Tarso Genro e Raul Pont. "Ficar no PT para ouvir os discursos do Tarso e do Raul não dá...", diz, ao mencionar um eventual futuro na vida partidária só como militante.
Falando sobre as eleições presidenciais de outubro, Dirceu afirmou estar convicto de que o PSDB, tido como o maior concorrente do PT, não está em boa posição. "Seu melhor nome, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aparece em quarto lugar nas pesquisas", afirma, ao deixar de fora os possíveis rivais José Serra e Geraldo Alckmin. Seja qual for o vencedor, acrescentou Dirceu, "ele terá dificuldades para governar sem uma reforma administrativa".