O deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), disse há pouco que nunca se beneficiou de "um único centavo" dos recursos do valerioduto. Ele acaba de apresentar sua defesa no plenário da Câmara, onde os parlamentares estão reunidos para votar o parecer do Conselho de Ética que pede a cassação do petebista. Queiroz usou apenas 15 dos 25 minutos reservados para a defesa e disse que, desde que foi envolvido em denúncias de corrupção, "perdeu a visão da alegria e o entusiasmo para viver".
Presidente do PTB mineiro, Queiroz é acusado de receber R$ 350 mil do caixa dois montado pelo ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. O parlamentar explicou que, em 2003, foi orientado pelo diretório nacional de seu partido a receber uma doação do PT para pagar dívidas da campanha de 2002.
Queiroz disse que se preparava para sair de férias e pediu a um funcionário do diretório mineiro que recebesse a doação. O dinheiro, contou, estava disponível na conta da SMP&B no Banco Rural, em Brasília. "O partido pagou as passagens, o funcionário retirou o dinheiro em Brasília e entregou para o PTB. O meu nome ficou registrado porque era presidente do diretório mineiro, porque fui fazer um favor ao meu partido", lamentou.
O petebista disse que não era uma responsabilidade sua prestar contas da doação porque o dinheiro foi do diretório do PT para o PTB Nacional. "Eu sequer estava no estado. Não dei recibo, não assinei papel, não desse dinheiro", reforçou.
A mesma intermediação, relatou o parlamentar, foi solicitada pela direção nacional do partido para uma doação feita pela Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), no valor de R$ 102 mil, para as campanhas municipais do partido em 2004. O dinheiro teria de ser retirado na conta da SMP&B no Banco Rural, em Belo Horizonte.
"Mais uma vez a doação foi feita e transferida diretamente para 20 municípios mineiros. Eu nem vi o dinheiro", disse. Queiroz argumentou não ter prestado contas porque, pelo estatuto do partido, cabe aos diretórios municipais.
O parlamentar fechou o discurso agradecendo ao relator de seu processo, Josias Quintal (PSB-RJ), que sofreu um infarto nesta manhã e está internado no Instituto do Coração (InCor), em Brasília. Queiroz lembrou que o relator confirmara à imprensa o fato de o petebista não ter depositado os recursos do valerioduto em suas contas pessoais. "Foi mais importante do que qualquer mandato, porque ali ele estava limpando minha alma. Me sinto aliviado", afirmou.