O superávit primário (receitas menos despesas, excluindo gastos com juros) acumulado pelo setor público (União, Estados, municípios e estatais) nos dez primeiros meses deste ano alcançou R$ 95,055 bilhões, ou 5,97% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas por um país). O resultado dos dez primeiros meses do ano, divulgado hoje pelo governo, supera a meta prevista para 2005, que é de 4,25 por cento do PIB.
Entre janeiro e outubro, a economia feita para o pagamento de juros já está R$ 12,3 bilhões acima do estipulado para o ano todo. O severo esforço fiscal tem sido o principal motivo de divergência entre os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil). Dilma alega que um superávit muito alto bloqueia investimentos importantes em infra-estrutura.
O superávit até outubro está um pouco abaixo do acumulado até setembro, que foi de 6,1% do PIB, mas está acima do registrado no mesmo período do ano passado (5,4% do PIB).
Ainda assim, essa economia tem sido insuficiente para o pagamento dos juros da dívida. Os gastos com os encargos somaram entre janeiro e setembro deste ano R$ 133,491 bilhões. Ou seja, 25,5% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado (R$ 95,284 bilhões).
O resultado do aumento das despesas com juros foi um déficit nominal (receitas menos despesas, incluindo os gastos com juros) de R$ 38,436 bilhões (2,41% do PIB) acumulado em dez meses.
Só em outubro, o superávit primário foi de R$ 8,553 bilhões. A maior contribuição veio do governo central, que economizou R$ 6,322 bilhões. Os governos regionais, por sua vez, registraram um superávit de R$ 1,711 bilhão e as estatais, de R$ 510 milhões. Enquanto isso, no mês passado, os gastos com juros somaram R$ 13,342 bilhões.
A dívida líquida do setor público alcançou, em junho, a marca de R$ 979,114 bilhões, o que representa 51,1% do PIB, contra 51,4% do PIB do mês anterior. Essa relação estava em 51,7% em dezembro do ano passado.