A CPI dos Correios começa a fechar o cerco em torno da operadora de cartões de crédito Visanet. Uma semana após anunciar que a empresa teria abastecido indiretamente o caixa dois do PT, o relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), recebeu um relatório da Receita Federal que confirma a existência de uma nota fria da DNA Propaganda, uma das agências do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, para a Visanet, no valor de R$ 6 milhões. O Banco do Brasil é dono de 31,9% das ações da operadora, responsável pelos cartões da marca Visa no país, e orientava os pagamentos à DNA.
Serraglio explicou que 27 notas foram examinadas pela Receita, escolhidas por amostragem entre as que foram apreendidas pela Polícia Federal na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), em julho deste ano. Os documentos estavam em tonéis na casa do irmão do contador de Valério, prestes a serem queimados.
Dessas 27 notas, 11 não estão registradas, sendo que dez são da Amazônia Celular e uma da Visanet. Segundo o relator, a Receita solicitou que as duas empresas apresentassem uma relação das notas fiscais emitidas pela DNA. Nenhuma das 11 notas aparece na relação enviada pelas empresas.
O relator afirmou que as notas foram emitidas pela filial da DNA que fica em Rio Acima, município de Minas Gerais. Serraglio disse ainda que não há documentos contábeis da DNA referentes aos anos de 1998 a 2002. Segundo ele, o livro da empresa foi registrado em 16 de setembro deste ano. Para o deputado, há um forte indício de que a empresa recebe dinheiro por trabalhos não prestados e apresenta notas frias.
No último dia 2, Serraglio informou que a CPI havia identificado um depósito de R$ 10 milhões feito pela Visanet nas contas da DNA, em 2003, referente a serviços de publicidade que não prestados. A agência tentou rebater a afirmação da comissão e prometeu apresentar notas fiscais que atestariam que os serviços chegaram a ser feitos.
Segundo o relator, Valério fez um depósito de R$ 10 milhões no banco BMG no mesmo período em que a Visanet repassou dinheiro à DNA. Dias depois, o empresário fez um empréstimo no BMG, no mesmo valor, para o PT. A CPI suspeita que os recursos desse empréstimo eram, na verdade, o dinheiro depositado pela operadora de cartões.