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SENADO

Uma solução para acabar com juros extorsivos do crédito às famílias

Zenaide Maia explica por que decidiu apresentar proposta que define teto para as taxas de juros aplicadas pelos bancos em operações de crédito

Zenaide Maia

Zenaide Maia

25/2/2025 7:42

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O juro praticado pelo mercado financeiro em cartões de crédito e empréstimos no Brasil é algo mais do que abusivo: é escandaloso, é quase que criminoso. Tramita no Senado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 79/2019, de minha autoria, limitando e reduzindo drasticamente as taxas de juros cobradas pelos bancos e pelos cartões de crédito à população do país. Em diálogo constante dentro do Parlamento visando ao convencimento político para votação e aprovação da matéria, tenho convidado meus colegas a conhecerem e a apoiarem a proposta.

PEC limita a três vezes a Selic o teto da taxa de juros aplicada pelos bancos em operações de crédito

PEC limita a três vezes a Selic o teto da taxa de juros aplicada pelos bancos em operações de créditoMarcello Casal Jr./Agência Brasil

Tenho ido à tribuna do Senado denunciar essa vergonha que segue extorquindo as famílias brasileiras. Reitero ainda meu apelo à presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa para pautar a matéria, permitindo que a proposição vá a voto e que decidamos sobre algo urgente, num contexto em que o preço elevado dos alimentos, dos remédios e de demais itens de necessidade básica das famílias dificulta ainda mais a oferta, a obtenção e o pagamento de crédito. Muita gente usa cartão de crédito para o supermercado, para ter o que comer em casa.

É inaceitável que bancos e empresas administradoras de cartões de crédito fixem juros impagáveis no Brasil, quando os países de origem dessas multinacionais financeiras cobram taxa de juros de menos de 2% ao ano ou de no máximo 3% ao ano até no cheque especial. Já em 2019, ano em que cheguei ao Senado e apresentei a PEC, afirmei aos colegas que os juros cobrados no Brasil poderiam chegar a 300% ao ano, no caso do pagamento do valor mínimo de uma fatura de cartão de crédito. Esse dinheiro poderia ser usado para a aquisição de outros bens e produtos pela população de baixa renda. Já alertei no Senado sobre juros de até 450%, inclusive.

A PEC registra minha ação concreta para reverter esse quadro de achaque. O projeto estabelece um teto para as taxas de juros aplicadas pelos bancos em operações de crédito, determinando o limite de três vezes a taxa Selic, que é decidida pelo Banco Central do Brasil - um órgão público federal autônomo responsável por assegurar as estabilidades econômica e financeira nacionais. A nova regra também vale para os juros impostos por administradoras de cartão de crédito.

Famílias endividadas

As altas taxas de juros fixadas pelos bancos e pelas instituições financeiras, além de serem desproporcionais, prejudicam diretamente a renda e o poder de compra dos trabalhadores. Ao longo do mandato, tenho criticado duramente os juros exorbitantes cobrados pelo sistema bancário, que são incompatíveis com o crescimento da economia brasileira. Segundo informações do próprio Banco Central, algumas instituições financeiras cobram juros dezenas ou até centenas de vezes maiores do que a taxa básica, mesmo em operações de pouco risco. Em consequência disso, mais de 60% das famílias brasileiras estavam endividadas, segundo já apontavam números de 2017, imediatamente anteriores à apresentação da minha PEC.

Nesse sentido o Congresso Nacional detém - e deve exercer - prerrogativas capazes de controlar essas práticas, aprovando projetos que regulamentem as taxas de juros impostas pelas empresas desse setor financeiro. Sim, gente! O Congresso PRECISA agir contra essa exploração - em especial no cartão de crédito e no cheque especial -, e precisa impor limites para não permitir que o sistema financeiro continue a espoliar a renda de nosso povo com essas taxas escandalosas. Luto no Parlamento para derrubar esses privilégios de lucro abusivo, e, nesse sentido, proponho proibir a cobrança de juros maiores que o triplo da taxa básica definida pelo Banco Central.

Destaco estar aberta ao diálogo para vencer eventuais resistências de bancos privados e estatais à proposta. Inclusive já solicitei, em sessão plenária no Senado, o apoio dos empresários da indústria e do comércio à minha proposta. Repito: a PEC limita os juros estabelecidos por bancos e instituições financeiras a, no máximo, três vezes a taxa Selic. A matéria não irá interferir na política monetária do Banco Central.

Um ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, declarou que a taxa básica de juros cobrada aqui no Brasil equivale a uma pena de morte. Fico revoltada com a extorsão que os bancos e os cartões de crédito fazem às famílias brasileiras num país com tanta desigualdade social, é um esmagamento das pessoas físicas.

Se você comprar um aparelho celular e pagar o mínimo no cartão de crédito, você paga pelo menos mais três aparelhos celulares. Eu gosto de dizer o seguinte: o ladrão leva um, mas você já pagou mais três ao sistema financeiro, aos bancos. Os cartões de crédito não são para luxo, não. Muitas famílias sem recursos usam o cartão de crédito para comprar alimento.

Autonomia real

Por fim, destaco que a autonomia do Banco Central só é um avanço real se, de fato, ele for independente em relação ao mercado privado, que só pensa em lucro. Não queremos ser mais um Republiqueta sem políticas de Estado e sem instituições independentes que sejam fortes e livres tanto de maquiagem de dados quanto de outros desserviços. Aumentar juro para engordar lucro de banqueiro não é independência institucional.

O Brasil, sabemos todos, é o paraíso fiscal dos banqueiros e dos grandes sonegadores que vivem da indústria do Refis. Estado mínimo para essa minoria privilegiada é deixar o povo à míngua, enquanto a elite concentra e vampiriza todos os recursos do Estado para embolsarem mais dinheiro? E alerto mais: quando esses juros começam a prejudicar as micro, pequenas e médias empresas, isso é ainda mais grave e preocupante, porque gera desemprego.

Juros altos não interessam ao bem comum, nem a ninguém de bom senso. O Congresso Nacional pode, sim, tirar essa extorsão do povo brasileiro e das empresas, porque agora chegou às empresas. A gente pode, sim, ter esse olhar sensível a favor do interesse público. É hora de a gente debater essa PEC, pela qual - reitero - não vamos engessar a política monetária do Banco Central.

Limitar a taxa de juros cobrada pelas instituições financeiras a três vezes o valor da taxa básica de juros estabelecida pelo Banco Central já é muito juro para padrões do mundo todo, mas, mesmo assim, é um início que proponho. É hora de o Congresso se debruçar em soluções, porque, como fazem essa extorsão das pessoas físicas, alguns acham também simples extorquir os micros e pequenos empresários, fechando empresas e desempregando as pessoas.

Luta no Congresso

O Banco Central não é uma torre acima do bem e do mal e deve explicações de sua política monetária ao Congresso, onde podemos chamar a presidência da instituição a conversar e dar explicações sempre que considerarmos necessário. O papel fiscalizar é prerrogativa do Parlamento, eleito pelo voto direto do povo. O Banco Central precisa ouvir o Poder executivo federal, considerar os esforços fiscais que o governo federal tem feito, e, mais que isso, gerar condições de crescimento econômico.

Apenas para uma reflexão final: países desenvolvidos e protagonistas do xadrez político e econômico mundial, os Estados Unidos e o Japão rolam uma dívida pública gigantesca, mas não deixam de reservar sua fatia de orçamento para investimento público.

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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