Segurança com a rede elétrica: uma conquista coletiva que precisa avançar

Em um país com dimensões continentais e desafios tão diversos quanto o Brasil, cada ação que representa vidas salvas deve ser celebrada. O levantamento mais recente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) revela que, em 2024, atingimos o menor número de acidentes com a rede elétrica dos últimos oito anos. Essa redução, de 12,4% em relação ao ano anterior, também reflete um trabalho conjunto e persistente de conscientização, informação e prevenção. No entanto, esse fato também nos apresenta um alerta preocupante: o aumento no número de fatalidades.

Foram 257 mortes em 2024, sete a mais do que em 2023. Isso significa que, apesar de termos conseguido reduzir o total de acidentes, que inclui também lesões graves e leves, os casos que resultaram em perda de vidas aumentaram. Essa contradição nos obriga a olhar além dos números frios e reforçar o que sempre foi o eixo central da nossa atuação: a segurança deve ser uma responsabilidade de todos.

A energia elétrica, embora invisível, está presente em praticamente todas as atividades do nosso dia a dia. E justamente por isso, os riscos associados a ela muitas vezes são subestimados. Mais de um terço dos acidentes fatais ocorreram em atividades de construção ou manutenção predial, um cenário que se repete ano após ano. É preciso, portanto, reforçar a comunicação com os trabalhadores da construção civil, com os profissionais autônomos e com as comunidades onde o improviso e a informalidade ainda estão muito presentes.

A 19ª edição da Campanha Nacional de Segurança para a Prevenção de Acidentes com a Rede Elétrica, que lançamos em maio com o slogan "Movimento zero acidentes. A segurança com a rede elétrica começa por você", é parte fundamental dessa estratégia. Vamos dialogar com diferentes públicos, de forma segmentada, clara e acessível. Entre as ações previstas, destacam-se conteúdos educativos em vídeos, materiais digitais, uso de influenciadores e iniciativas específicas voltadas à construção civil, como workshops e aulas online sobre boas práticas.

Mais do que uma campanha, esse é um chamado à responsabilidade compartilhada. As distribuidoras de energia têm investido fortemente na qualificação de seus profissionais e na tecnologia para oferecer um serviço cada vez mais seguro. Mas a prevenção de acidentes exige também uma mudança de comportamento por parte da população. O uso consciente e responsável da energia elétrica salva vidas.

Não vamos deixar que a rotina naturalize nossa inação diante de fios desencapados, cabos caídos, ligações clandestinas ou manutenções improvisadas feitas por pessoas sem a devida capacitação. Cada uma dessas situações representa uma ameaça real. Por isso, quando falamos em "movimento zero acidentes", estamos falando de uma cultura de segurança que precisa ser cultivada desde cedo, nas escolas, em casa, nas famílias, nos canteiros de obra e nas empresas.

É verdade que temos bons motivos para reconhecer o avanço. Saímos de 863 ocorrências em 2017 para 685 em 2024. Mas as 257 vidas perdidas neste ano nos lembram que cada caso evitável é, acima de tudo, uma tragédia que não deveria acontecer. São pais, mães, filhos, trabalhadores que não voltarão para casa.

Nosso compromisso permanece firme: zero acidentes não é uma utopia, é uma meta que guia nossas ações todos os dias. Com informação, engajamento, capacitação e cooperação entre setores, podemos transformar essa realidade.

A energia move o Brasil e vamos fazê-lo com segurança para todos.

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].