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Indústria

Do tarifaço à oportunidade: diversificar mercados e fortalecer a indústria para garantir soberania tecnológica

Impacto sobre dispositivos médicos revela dependência de poucos mercados e reforça a urgência de diversificação e fortalecimento da base industrial brasileira.

Larissa Gomes

Larissa Gomes

19/12/2025 16:00

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As tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e que incidiram sobre os dispositivos médicos brasileiros em 2025 trouxeram à tona uma vulnerabilidade que o país insiste em adiar: a dependência excessiva de poucos mercados e a falta de uma estratégia industrial de longo prazo. A medida, que elevou em 50% as tarifas sobre produtos nacionais, não deve ser interpretada apenas como uma reação protecionista, mas como um alerta sobre a necessidade de reposicionar o Brasil nas cadeias globais de valor.

Durante a pandemia, o país sentiu de forma drástica o preço da dependência externa, quando a escassez de insumos e equipamentos evidenciou o quanto a fragilidade produtiva compromete a capacidade de resposta em momentos críticos. Cinco anos depois, o tarifaço americano repete a lição — desta vez no campo econômico. Em agosto de 2025, primeiro mês de vigência da nova tarifa, as exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram 30% em relação a julho, com retração expressiva em segmentos estratégicos como odontologia e equipamentos médicos.

Apesar do impacto, o desempenho do setor mostra capacidade de adaptação. No acumulado do ano, as exportações cresceram 6,8%, com alta de 44% nas vendas para a Europa e estabilidade na América Latina. Esses números revelam o início de um movimento que precisa ser consolidado: a diversificação de destinos como caminho para a estabilidade e a soberania produtiva.

Queda nas exportações aos EUA contrasta com avanço na Europa e reacende a necessidade de políticas industriais de longo prazo e mercados mais diversificados.

Queda nas exportações aos EUA contrasta com avanço na Europa e reacende a necessidade de políticas industriais de longo prazo e mercados mais diversificados.Freepik

A concentração de grandes volumes de exportação em apenas alguns mercados é um risco estrutural. Diversificar parceiros, investir em inovação e fortalecer a produção local não são medidas de proteção, mas de competitividade. O país precisa transformar choques externos em oportunidade para desenvolver uma base industrial moderna, integrada e menos vulnerável às flutuações geopolíticas.

O World Uncertainty Index mostra que a incerteza global segue em níveis elevados, alimentada por conflitos na Europa, no Oriente Médio e na América Latina, além da disputa tecnológica entre Estados Unidos e China. Em um cenário de cadeias produtivas tensionadas e escassez de componentes críticos, como semicondutores, depender de poucos mercados é uma escolha arriscada.

Políticas industriais consistentes, com metas claras e continuidade, são indispensáveis para enfrentar esse desafio. A Nova Indústria Brasil é um passo importante, mas só produzirá resultados se houver uma estabilidade institucional e visão de longo prazo. O fortalecimento da indústria e a consolidação da autonomia tecnológica não podem ser políticas de governo; precisam ser políticas de Estado.

O tarifaço é, antes de tudo, um teste de maturidade. Ele mostrou que a verdadeira proteção não está nas barreiras comerciais, mas na capacidade de inovar, competir e ocupar novos espaços no mercado global. O Brasil tem base científica, capital humano e experiência industrial suficientes para isso. O desafio é transformar potencial em estratégia — e estratégia em soberania.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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