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Tecnologia e gênero

A IA também é feminista (e por essa o Congresso não esperava)

QuitérIA monitora projetos ligados a direitos de mulheres e pessoas LGBTQIAPN+ e expõe impacto político da tecnologia.

Larissa Alfino

Larissa Alfino

5/12/2025 9:00

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Nos últimos dias, a ONG AzMina apresentou a QuitérIA, uma inteligência artificial feminista desenvolvida para monitorar a atividade parlamentar ligada aos direitos de meninas, mulheres e pessoas LGBTQIAPN+. A novidade chama atenção por dois motivos. Primeiro porque, embora a inteligência artificial esteja moldando o presente e o futuro, quem a produz ainda reflete um passado desigual: apenas 22% dos profissionais de IA no mundo são mulheres, e a presença feminina despenca para menos de 14% quando falamos de cargos de liderança (AI Now Institute). Segundo porque o lançamento reforça que a tecnologia é uma força política capaz de mudar a forma como observamos o Congresso e disputamos o campo democrático.

A QuitérIA funciona analisando automaticamente proposições legislativas relacionadas a gênero que tramitam no Congresso. Ela coleta, interpreta e classifica esse conteúdo considerando potenciais impactos sociais e marcadores como raça, classe e orientação sexual. É mais do que um algoritmo que lê projetos de lei, é uma ferramenta treinada para compreender o contexto que molda essas leis. Seu objetivo é traduzir a produção legislativa em informação acessível e confiável para qualquer pessoa interessada em saber como as decisões no Congresso afetam a vida de mulheres e dissidências de gênero.

QuitérIA usa acervo feminista para classificar projetos de lei e ampliar transparência em temas de gênero.

QuitérIA usa acervo feminista para classificar projetos de lei e ampliar transparência em temas de gênero.Freepik

A diferença central é o tipo de conhecimento que sustenta essa IA - em vez de se apoiar apenas em textos disponíveis na internet, ela foi treinada com cinco anos de produção intelectual feminista e com o acervo do projeto Elas no Congresso, projeto da instituição que usa dados públicos do Congresso Nacional para monitorar os direitos das mulheres no poder legislativo, acumulado por uma equipe especializada em monitorar como a política brasileira trata a igualdade de gênero.

Talvez a parte mais simbólica dessa história seja esta: enquanto o debate sobre IA costuma girar em torno de riscos, distopias e substituição do trabalho humano, a QuitérIA aponta para outro horizonte. Ela mostra que a tecnologia também pode corrigir desigualdades, ampliar transparência e fortalecer a democracia. É a prova de que, quando mulheres e pessoas comprometidas com direitos humanos entram para construir o futuro digital, o futuro deixa de ser neutro e passa a ser mais justo. Num país que ainda registra uma mulher vítima de violência física a cada quatro minutos e um feminicídio a cada seis horas, qualquer instrumento que ajude a iluminar decisões legislativas é, por definição, estruturante.

Se uma IA feminista já é capaz de reorganizar o modo como olhamos para o Congresso, imagine o que ainda podemos construir quando gênero e tecnologia caminharem lado a lado. Porque, no fim, a pergunta não é se a IA será feminista. A pergunta é se podemos nos dar ao luxo de que ela não seja.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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