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Fim do 6x1
12/12/2025 15:00
A discussão sobre a redução da jornada de trabalho tem ganhado força em todo o mundo, e o Brasil não pode ficar à margem desse debate. Enquanto países desenvolvidos já colhem os frutos de jornadas mais curtas, a realidade brasileira, marcada por longas horas de trabalho e alta informalidade, impõe a urgência de repensar nosso modelo. Os dados e, agora, os avanços no Congresso Nacional, mostram que o Brasil está, sim, pronto para dar esse passo.
Em média, a jornada de trabalho no Brasil supera a de nações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Enquanto a média da OCDE é de aproximadamente 37,1 horas semanais, os brasileiros trabalham entre 37,3 e 39,2 horas. A diferença se torna ainda mais gritante quando comparamos com países como Canadá (32,1 horas) e Alemanha (34,2 horas). Os trabalhadores formais no Brasil, segundo a PNAD Contínua do IBGE, cumprem uma média de 39,1 horas semanais. Manter uma jornada mais longa não tem se traduzido em maior competitividade ou qualidade de vida, pelo contrário, nos afasta das práticas de nações mais produtivas.
A situação é ainda mais alarmante no vasto universo do trabalho informal. No primeiro trimestre de 2025, a taxa de informalidade atingiu cerca de 38% da força de trabalho. Para esses trabalhadores, as jornadas podem chegar a 10, 12 ou até 14 horas diárias. Embora a informalidade tenha apresentado uma leve queda desde 2017, quando era de 40,5%, ela permanece como um desafio estrutural que a simples manutenção das regras atuais não irá solucionar.
Felizmente, o debate amadureceu e chegou às instâncias decisórias. Recentemente, a Câmara dos Deputados agilizou a votação de um projeto que propõe a jornada de 40 horas semanais e o fim da escala 6x1, substituindo-a pela 5x2. Quase simultaneamente, a CCJ do Senado aprovou uma proposta ainda mais audaciosa: a redução da jornada para 36 horas semanais, com transição gradual e sem corte salarial. A engrenagem legislativa finalmente começou a girar, e a questão deixou de ser se e passou a ser quando e com que ambição o Brasil irá se modernizar.
Diante dos fatos, de uma produtividade estagnada e de uma força de trabalho exausta, a inércia não é mais uma opção. Reduzir a jornada é um investimento estratégico em saúde, bem-estar e, paradoxalmente, em eficiência. Manter o status quo é escolher o atraso, é insistir em um modelo do século passado que comprovadamente explora muito e produz pouco. A pergunta que fica é: o Brasil vai abraçar o futuro do trabalho ou continuará acorrentado a um sistema que beneficia a poucos e esgota a maioria? A resposta que o Congresso dará a essa pergunta definirá nossa próxima década.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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