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Jornalismo
16/12/2025 15:00
Silvio Santos, nascido Senor Abravanel, jamais escondeu suas raízes. Judeu, filho de imigrantes, construiu sua trajetória com trabalho, perseverança e uma identidade que sempre carregou com dignidade. Sua história pessoal se confunde com a própria história do SBT. Um canal fundado por um judeu que venceu em um país diverso, plural e democrático. Esse orgulho silencioso, mas firme, sempre esteve presente, mesmo quando não era verbalizado.
Por isso, causa desconforto, perplexidade e indignação, o simbolismo da solenidade de lançamento do SBT News, realizada em 12 de dezembro, com a presença do Lula e sua trupe governista, somados a presenca do Alexandre de Moraes, denunciado pelo governo americanopor violação de direitos humanos.
Criaram um palanque para um discurso político de Lula de exaltação à Alexandre de Moraes, inclusive com autopromoção dele próprio. Um escárnio.
Lula é um chefe de governo cuja postura internacional tem sido duramente criticada pela comunidade judaica no Brasil e no mundo, especialmente por declarações hostis ao Estado de Israel e por uma retórica de apoio ao grupo terrorista Hamas.
Não se trata aqui de exigir alinhamento político automático. O ponto central é moral e simbólico. Lula é "persona non grata" ao Estado de Israel e um personagem que, ao longo do tempo, acumulou falas antissemitas e insensíveis ao sofrimento histórico e atual do povo judeu.
Essa contradição tornou-se ainda mais dolorosa poucos dias depois, em 15 de dezembro, quando judeus foram vítimas de um atentado na Austrália. Mortos e feridos, mais um episódio de ódio antissemita que se soma a tantos outros ao redor do mundo. O silêncio de Lula, sem uma palavra pública de solidariedade às vítimas judaicas, ecoa de forma quase que permissiva aos atentados antissemitas no mundo.
O que mais fere, contudo, é o aspecto interno dessa história. A decisão das filhas de Silvio Santos, atuais responsáveis pelo SBT, de convidar um representante de um governo hostil aos judeus para dentro de um canal fundado por um judeu, carrega um peso simbólico difícil de ignorar. Não se trata de negar diálogo institucional ou pluralidade democrática, mas de reconhecer limites éticos, históricos e afetivos.
Lula até hoje não condenou os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Silvio Santos construiu mais do que uma emissora. Construiu um legado. Um legado que nasce da experiência judaica de superação, respeito à vida, valorização da memória e rejeição ao ódio. Abrir as portas dessa casa para figuras percebidas como antagonistas desses valores soa como uma ruptura dolorosa com essa herança.
O orgulho judeu de Silvio Santos sempre foi discreto, mas nunca ausente. Talvez exatamente por isso, hoje ele fale mais alto na ausência. E é nessa ausência que surge a pergunta inevitável: até que ponto se pode separar poder, política e princípios quando a história de uma vida inteira está em jogo?
Este não é um ataque pessoal às irmãs Abravanel, mas um apelo à consciência. Porque memória importa. Identidade importa. E, sobretudo, respeito importa.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].