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1/11/2012 | Atualizado às 19:44

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Nesses anos todos em que o Brasil se acostumou a ser o país da impunidade, o cidadão brasileiro adotou um método de fazer justiça com as próprias mãos. Se os poderosos, os engravatados, não eram condenados nunca, nunca iam para a cadeia, então a saída que para muitos restava era tentar impor-lhes uma punição moral. Vaiar no avião, no restaurante, xingar quando possível. Enfim, enxovalhar de alguma forma o criminoso impune. O julgamento do mensalão pode ser o marco mais visível de um momento em que os poderosos deixam de escapar da punição. É bom lembrar que antes do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), o primeiro político condenado no julgamento da Ação Penal 470, seis políticos já haviam sido condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Já é o momento de soltar foguetes e festejar o fim da impunidade no país? Infelizmente, ainda não. A justiça brasileira é extremamente lenta. Permite dezenas de recursos e embargos que impedem a condenação final. Assim, nenhum deles ainda foi para a cadeia. Um deles, Natan Donadon (PMDB-RO), está condenado a nada menos que 13 anos de prisão e segue comparecendo aos salões verdes da Câmara, envergando seu broche de deputado. Parênteses importantes: nenhum desses políticos anteriores a João Paulo pertencia ao PT ou a partidos de esquerda, o que enfraquece ainda mais esse argumento discurseiro de que somente agora, por razões políticas, quando um partido de esquerda chega ao poder, é que políticos foram condenados. Condenados, esses todos foram. Fora da cadeia, esses todos ainda estão. Mas o momento, com todas essas condenações já definidas, pode presumir o início de um tempo em que as instituições começam a funcionar. Em que amadurece o estado democrático de direito. Nesse caso, podemos, então, esperar que aqueles que cometem crimes serão punidos. E, sem a necessidade de fazer justiça com as próprias mãos, é bom lembrar: entre as condenações impostas pelo STF, não está a execração pública. É porque é tão chocante quanto a construção de um discurso de contestação e de indignação à decisão do STF a atitude de quem se diverte com o destino dos condenados. Se a impunidade é sinal de uma sociedade doente, deficiente, incompleta, é igualmente sinal de uma sociedade doente, selvagem, brincar com a desgraça alheia. É assustador que alguém ache engraçado entregar ao ex-presidente do PT José Genoino um pacote de cigarros para ele fumar na cadeia. Se isso é piada, então dou graças a Deus por não ter senso de humor. Se a conclusão final da justiça é de que Genoino cometeu crimes e merece ser condenado, isso é o resultado de um processo que ao longo dos anos reuniu instituições como o Congresso Nacional (na CPI dos Correios), a Polícia Federal, o Ministério Público e, finalmente, o Supremo Tribunal Federal. Todas instituições em que o governo do PT tinha maioria ou, mais do que isso, que estavam sob a sua subordinação. O que torna patético o argumento de que seja uma mera condenação política orquestrada por adversários. Mas Genoino é um ser humano. É casado. Tem filhos. Seus amigos e parentes têm todo o direito de estarem tristes e preocupados com o seu destino. De chorar por ele. E não há espírito democrático nenhum no mundo que os obrigue a considerar normal, fruto da liberdade de expressão, que alguém que se julga humorista possa lhe abordar para lhe dar de presente um pacote de cigarros para fumar na cadeia. É mais do que evidente que a reação ocorrida no dia do segundo turno, quando militantes, por causa disso, começaram a bater em jornalistas, não se justifica. O infeliz que se julga humorista não é jornalista. No que dependesse de mim, não seria considerado nunca como tal. E foram vítimas da confusão os que estavam ali para trabalhar, e não para cometer grosserias a título de piada. O mensalão não é engraçado. É triste. É fruto da imensa distorção do nosso sistema político. Por conta dele, o PT adotou um esquema de desvio de dinheiro que já tinha sido usado antes pelo PSDB. Esquema parecido foi descoberto com relação ao DEM. Trata-se de uma tragédia. Não dá para rir dela. Eu quero confiar que a condenação imposta a Genoino e aos demais no julgamento do mensalão repita-se com todos os responsáveis pelos demais esquemas de corrupção que serão julgados no futuro. O dia para se rir, comemorar e fazer piada não será jamais aquele em que os culpados foram para a cadeia. Será aquele em que ninguém mais for para a cadeia por desvio de dinheiro público.
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