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A onda azul quebrou as pernas de George W. Bush

Congresso em Foco

13/11/2006 5:08

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Cláudio Versiani, de Nova York *


O presidente Bush concedeu uma entrevista coletiva um dia após a eleição que recolocou o partido democrata no mapa do poder depois de 12 anos. Ele respondeu às perguntas dos repórteres sobre como vai ser seu governo, agora que os democratas retomaram o controle da Câmara e do Senado. Bush estava meio passado e com uma cara um pouco amarrotada, não deve ter sido uma noite fácil.

Ele disse que o resultado das urnas foi uma "cacetada" nos republicanos. A repórter Suzanne Malveaux, da CNN, tratou de arrematar e dar a sua própria cacetada no presidente. "Com todo respeito senhor presidente, Nancy Pelosi (a líder dos democratas na Câmara) chamou o senhor de incompetente, mentiroso e perigoso. E ainda disse que o imperador está nu. Como o senhor pretende trabalhar com pessoas que mostram tão pouco respeito por sua liderança?" Bush enrolou e disse que está há muito tempo na política e blábláblá. Ele assimilou o golpe.

Este é o cenário dos próximos dois anos do governo republicano. Nancy Pelosi deve ser a primeira mulher a presidir a Câmara dos Deputados, o Senado também será presidido por um democrata. Traduzindo, Bush não manda e desmanda como fez nos últimos seis anos. O Congresso é poderoso, controla tudo na política americana. O presidente tem o poder, mas depende da boa vontade dos congressistas para governar.

É o pior dos mundos para Bush e seu partido. A maioria do povo americano não confia em George W. Bush. Os democratas, menos ainda. Se o presidente já era considerado um pato manco (expressão para político em final de mandato e sem poder), as urnas mandaram um claro recado. A eleição foi um referendo sobre o seu governo.

Para um presidente que chegou a ter um índice de aprovação de mais de 90%, perder o poder dois anos antes do fim de seu mandato, não é nada confortável. Há uma semana, Donald Rumsfeld, o ex-poderoso secretário de Defesa, estava fazendo um trabalho fantástico, segundo Bush. Rumsfeld, o senhor da guerra, ficou sem emprego no dia 8. O plano era que ele ficasse até o último dia do mandato do presidente. O ex-secretário de Defesa é o autor de uma frase que se encaixa muito bem no episódio. Há algum tempo ele afirmou: "O futuro é menos previsível do que o passado".

Os americanos estão ansiosos para saber qual é o plano dos democratas. O governo vai ter que prestar contas a um Congresso ávido por mostrar serviço a sociedade.

E esse é um governo responsável por muitas trapalhadas. A maior delas atende pelo nome de guerra do Iraque e já custou a vida de 2.800 americanos. Sem contar os feridos, os inválidos e os desajustados. Custou também algo por volta de US$ 400 bilhões ao contribuinte americano. Os iraquianos não param de morrer. Eles estão pagando um preço mais alto, calcula-se entre 100 mil e 650 mil os iraquianos mortos em quase quatro anos de conflito. Tudo por uma guerra baseada numa mentira, a farsa de que Saddam Hussein era uma ameaça aos EUA com suas famosas e inexistentes armas de destruição em massa.

Os americanos foram às urnas com quatro grandes preocupações: corrupção, terrorismo, economia e guerra do Iraque. A avaliação do governo nesses quatro itens foi fundamental para a derrota republicana. Se Bush foi o grande perdedor, Howard Dean, ex-governador de Vermont e ex-candidato presidencial democrata, foi o grande vencedor. Ele foi o estrategista do partido. Dean resolveu atacar os republicanos nas suas bases em estados tradicionalmente avessos aos democratas. O partido ganhou em áreas conservadoras e moderadas. Também foi bem nas grandes cidades, subúrbios e no campo. "Nós finalmente estamos começando a virar um partido nacional", declarou Howard Dean.

No estado de Minnesota, um negro muçulmano foi eleito deputado pelo partido democrata, algo inimaginável há dois anos. Keith Ellison defendeu a retirada das tropas americanas do Iraque, capitalizando o anseio popular contra a guerra. O povo americano votou por "uma nova direção", slogan do partido democrata, mas a corrupção foi o que derrubou George W. Bush e seu partido. Só em 2006, quatro deputados republicanos perderam suas cadeiras por estarem envolvidos em corrupção ou em escândalos. Agora cabe aos democratas mostrar que são diferentes dos republicanos. O partido vai controlar as poderosas comissões do Congresso e vai poder, se quiser, investigar o governo Bush a fundo.

O pato, que era manco, agora não tem pernas. Bush está imobilizado, terá que fazer muitas concessões aos novos donos do Congresso. A primeira cabeça a rolar foi de Rumsfeld. Dick Cheney, caçador nas horas vagas, está na mira. Karl Rove, principal assessor político, e Condoleezza Rice também são alvos. E, óbvio, o grande ameaçado é o próprio presidente.

Os democratas também não terão vida fácil. A opinião pública e a comunidade virtual jogaram um papel relevante na chamada onda azul (cor do Partido Democrata) que varreu os EUA. O grupo MoveOn, para ficar em um exemplo, disparou 7 milhões de telefonemas e outros tantos de e-mails e mensagens para celulares, tentando convencer eleitores indecisos. Além disso, arrecadou US$ 27 milhões para os candidatos democratas. Esse povo vai cobrar e pressionar muito. A eleição deixou claro que a maioria dos americanos quer realmente uma nova direção, se possível, diametralmente oposta à de George Bush. Direção também significa mais do que um caminho. O que os americanos querem, é um novo diretor. Quanto mais cedo , melhor. O pato manco que se cuide.

De repente, 2006 acabou. O país vive um clima de 2008, ano de sucessão presidencial.

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