O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) anunciou nesta sexta-feira que vai pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) nos convênios federais firmados com a Associação Nacional de Apoio à Reforma (Anara), ligada ao Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST). Segundo pesquisa feita no sistema de acompanhamento de gastos federais (Siafi), o governo Lula repassou R$ 5,6 milhões para Anara.
No último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, o repasse à Anara não passou de R$ 75 mil. No primeiro ano do governo Lula, o valor subiu para R$ 250 mil. Em 2004, outro repasse, no valor de R$ 1,1 milhão. De 2005 até agora, mais R$ 4,2 milhões.
"O governo aplaca os ânimos (do movimento) liberando recursos. O movimento prefere atacar produtores rurais e instituições como o Congresso Nacional e preservar o presidente já que o governo o sustenta financeiramente com recursos públicos", afirmou Dias.
Nos convênios firmados entre o governo e a Anara, o responsável pela associação é Bruno Maranhão, que comandou a invasão e depredação da Câmara nesta semana e continuará preso, mesmo depois da decisão expedida por uma juíza federal hoje mandando soltar parte dos manifestantes.
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC), disse considerar "extremamente grave" e afirmou que buscará informações oficiais sobre os repasses, a finalidade e utilização desses recursos.
"Tivemos uma terceirização no serviço público, assim como estamos vendo no caso das sanguessugas. Essa terceirização merece um aprofundamento e uma mudança significativa", afirmou.
Ideli contestou, no entanto, que o governo Lula possa ter patrocinado a invasão na Câmara como gesto político. "Se isto passou na cabeça de qualquer militante do movimento de que a invasão pudesse ser utilizada como ingrediente político, só posso classificar isso como uma burrice", concluiu.