A CPI dos Correios deve retomar as investigações acerca dos empréstimos que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do mensalão, teria feito ao PSDB para custear as campanhas do partido nas eleições de 1998. Até agora, a CPI já apurou que cerca de R$ 14 milhões foram parar nas contas do comitê financeiro tucano pelas mãos de Valério.
Porém, a CPI desconfia que a ligação do partido com os recursos do empresário mineiro tenha ido além do período eleitoral. De acordo com a senadora Ideli Savaltti (PT-SC), a comissão suspeita que o partido pode ter embolsado outros empréstimos além dos que o ex-tesoureiro da campanha tucana em Minas Gerais Cláudio Mourão admitiu ter recebido. "Descobrimos que o esquema de Minas Gerais tem mais empréstimos de Valério para Mourão em 2000 e 2001", afirmou a petista.
A suspeita de envolvimento do PSDB com o "valerioduto" começou há cerca de dois meses, quando o presidente do partido, senador Eduardo Azeredo (MG), foi acusado de utilizar recursos das contas da SMP&B, agência de Valério, para quitar dívidas de campanha. O dinheiro também serviu para saldar débitos de outros candidatos da coligação, entre eles o relator da CPI do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-ackel (PP-MG), que concorria a um cargo na Câmara.
Azeredo isentou-se de qualquer responsabilidade sobre o ocorrido e argumentou que a captação de recursos ficava a cargo do então tesoureiro. Frisou, no entanto, que não deu aval para que o comitê tomasse qualquer empréstimo com Valério.