Um dos coordenadores do movimento que criou a CPI dos Sanguessugas, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) acusou hoje os colegas de estarem acobertando os parlamentares suspeitos de envolvimento com o esquema de compra ilegal de ambulâncias com dinheiro da União. Segundo Gabeira, está havendo uma "cena clara de corporativismo" no Congresso. "A dificuldade desta CPI é quebrar o corporativismo da Câmara. Precisamos ter clareza para ver quem está aqui para apurar e para ser cúmplice", disse.
A pedido do presidente da CPI, o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), Gabeira foi hoje à Corregedoria da Câmara pedir a documentação relacionada às investigações. O deputado não encontrou o corregedor-geral da casa,
Ciro Nogueira (PP-PI) e voltou sem uma resposta. O deputado Robson Tuma (PFL-SP), relator da comissão de sindicância que começou a apurar o caso, colocou-se à disposição da CPI e deve prestar depoimento na próxima quarta-feira.
Gabeira mostrou-se cauteloso ao comentar a possibilidade de a comissão pedir o afastamento de três deputados que integram a Mesa Diretora da Câmara suspeitos de envolvimento com a máfia das ambulâncias. "Antes de pedir o afastamento dos envolvidos temos que ter dados. Creio que em dez dias o deputado Biscaia terá condições de apontar os nomes", afirmou. O presidente da CPI também prefere esperar para pedir qualquer afastamento. Segundo Biscaia, a falta de detalhes não permite apontar quais parlamentares exatamente estão envolvidos no esquema.