Em depoimento ao Ministério Público, o doleiro Richard A. Van Otterloo afirmou que recebeu cópia do relatório final da CPI do Banestado quando o documento nem havia sido divulgado na comissão. Oterloo disse ter pago R$ 300 mil ao deputado José Mentor (PT-SP) para que o nome dele fosse excluído do relatório. O petista nega que a acusação e diz ser alvo de perseguição de desafetos acumulados durante as investigações.
Segundo a transcrição do depoimento do doleiro, no último dia 4, "(Otterloo) efetivamente recebeu o relatório final da CPI antecipadamente, em disquete, antes da data marcada para a apresentação que seria feita pelo deputado José Mentor. Em tal relatório não constava o seu nome e (...) jamais foi intimado para depor perante o Congresso Nacional".
De acordo com a Folha de S. Paulo, o doleiro disse ao promotor Sílvio Marques e ao procurador Rodrigo de Grandis, sem citar nomes, que outros doleiros também pagaram ao deputado. O relatório assinado por Mentor em 2004, que foi duramente criticado por ter excluído pessoas investigadas, não foi votado em plenário.
Os R$ 300 mil em dinheiro, disse Otterloo, foram pagos em São Paulo a um intermediário indicado por Mentor. A orientação para esse suposto pagamento, afirmou, partiu de Flávio Maluf, filho do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), que estaria preocupado com a possibilidade de o nome de Otterloo ser vinculado ao do pai.
A conta internacional Jazz, administrada por Otterloo, recebeu entre US$ 30 milhões a US$ 40 milhões da conta Chanani, atribuída ao ex-prefeito. Para o Ministério Público, as contas de Maluf foram abastecidas com dinheiro desviado de obras públicas.