O deputado Osvaldo Biolchi (PMDB-RS) apresentou esta tarde à Corregedoria da Câmara sua defesa no processo em que é acusado de ter feito boca-de-urna na sessão que absolveu o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG). O processo foi aberto pelo deputado Mauro Passos (PT-SC), que acusa o parlamentar de distribuir cédulas com voto já marcado.
Biolchi foi notificado pela Corregedoria na manhã desta quinta-feira e tem prazo de cinco sessões para apresentar a defesa. Como o plenário da Casa só volta a se reunir em 16 de janeiro, Biolchi teria um tempo ainda maior.
Entretanto, o deputado explicou que tem interesse em resolver a questão o quanto antes e afirmou que a denúncia é absolutamente descabida. "Eu não ofereci nem entreguei cédula a nenhum parlamentar. Aliás, até agora não compreendo qual a razão, a origem de tamanho despautério. Talvez, seja pelo fato de a cédula que estava na minha mão ter caído no chão. Então, eu fui votar com uma outra."
Na defesa de quatro páginas que apresentou à Corregedoria, Biolchi cita alguns parlamentares como testemunhas de que não teria feito boca-de-urna. Entre elas o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), com quem o parlamentar gaúcho disse que conversava na fila de votação no momento em que Mauro Passos o acusara. Segundo Biolchi, as testemunhas são voluntárias.
Quebra de decoro
Mauro Passos, entretanto, diz ter sido uma das pessoas assediadas por Biolchi para votar contra a cassação de Romeu Queiroz. "A versão do deputado Biolchi mostra um procedimento totalmente inadequado no processo de votação. Se um deputado foi empurrado, se caiu dentro da cabine, se os votos caíram sobre ele, já é uma eleição no mínimo suspeita".
Passos acrescenta que essa confusão mostra que não houve uma fiscalização adequada, "não houve um comportamento adequado por parte dos parlamentares, ficou caracterizada a falta de decoro parlamentar". Para Mauro Passos, se ocorreu a falta de decoro, "todo o processo provoca dúvida no próprio resultado da votação."
Anulação
Com base nas suspeitas levantadas sobre a sessão que absolveu o deputado Romeu Queiroz, o vice-líder do PPS Raul Jungmann (PE) entregou, na última terça-feira, aos presidentes da Câmara, Aldo Rebelo, e do Senado,
Renan Calheiros, requerimento para a anulação da votação.