A corrupção na administração pública gera um rombo anual de quase R$ 10 bilhões na economia do país. A estimativa é do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcos Fernandese e foi divulgada nesta segunda-feira no site da organização não-governamental Contas Abertas.
O dinheiro perdido anualmente pelo Brasil com fraudes representa metade do total previsto no orçamento federal para os investimentos deste ano, cerca de R$ 24,5 bilhões, e corresponde a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
A quantia pagaria, por exemplo, a construção de mais de 500 mil casas populares, que beneficiariam dois milhões de brasileiros. As principais irregularidades que ameaçam processos de compra e contratação feitos com dinheiro público são superfaturamento, direcionamento e dispensa de processos de licitação.
O economista da FGV lembra que pesquisa divulgada pelo Ibope no início deste ano revela que o desrespeito à legislação, a falta de transparência nos contratos e um sistema judiciário ineficiente são outros motivos que favorecem as fraudes envolvendo recursos públicos. O estudo revelou ainda que os desvios éticos não são exclusividade de políticos e governantes.
Segundo o levantamento do Ibope, 69% dos entrevistados admitiram já ter transgredido alguma lei ou regra contratual, cientes do que estavam fazendo. Outros 75% cometeriam pelo menos um dos atos de corrupção relacionados pela pesquisa, se tivessem oportunidade.