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Congresso em Foco
29/6/2007 | Atualizado 3/7/2007 às 0:00
Coluna passada, falei do Loyola, cronista. Nesta, é a vez de Marcelo Mirisola, cujas terríveis crônicas virtuais, publicadas originalmente no site da América On Line (AOL) foram reunidas no livro O homem da quitinete de marfim (Record, 238 págs.), com lançamento marcado para o próximo dia
A propósito, para quem padece de eventismo & modismos afins, tanto a literatura eletrônica quanto a crônica estão rigorosamente na ordem do dia: de um lado, a chegada às livrarias de As cem melhores crônicas brasileiras (Objetiva, 360 págs.), prometendo mapear esse gênero, que dizem ser brasileiro, desde o século XIX até nossos dias. De outro, as tours virtuais de escritores que passarão a exibir-se a si próprios e suas obras em vídeo e CD-room em livrarias e outros locais do ramo (O Globo, 23/6), tudo isso excluindo a própria Flip, que acontece inevitavelmente – fiel como o mau hálito, como uma espécie de maldição, de destino adverso – neste mês de julho em Paraty.
Aliás, a famosa crônica do Mirisola sobre a Flip/2006 sofreu censura e não sai no livro. Ótimo. Assim, com a consciência tranqüila, posso excluir duplamente a Flip do meu texto. Só lamento a ausência do texto dele sobre a Flip, este sim obrigatório, necessário, canônico mesmo sem estar publicado, canônico porque censurado. Devia ser adotado nas escolas, um dos raros antídotos contra o embotamento progressivo da nação.
Eu poderia dizer que Mirisola é o escritor mais original que vi surgir em 30 anos de vivência e convivência com várias gerações de poetas, prosadores, nacionais e estrangeiros, amadores e profissionais, e como tal ele ocupa um estatuto único em nossas letras. Poderia e digo, só que não parece fazer nenhuma diferença para os picaretas de plantão nas letras, todos felicíssimos dando e recebendo mutuamente jabutis e paratys no circuito fechado da mediocridade que não só se generaliza como se universaliza. Na próxima encarnação farei curso de emburrecimento intensivo, eu juro. O ibope é garantido!
Eu podia dizer que Mirisola inova ao assinar a orelha do próprio livro, mas seria mentira, porque depois de sete livros e dez anos de carreira, ninguém ignora sua arrogância, seu humor perverso, sua crueldade insensata e gratuita, mas ninguém parece perceber – ou se percebe, não diz – que é ele quem se fode, se crucifica, se auto-imola, é só ele, sempre ele. Nem sacrificante nem sacrificado, é ele próprio o sacrifício.
Então se ninguém se machuca nem se prejudica, qual é o grilo?
O grilo é que genialidade não se premedita.
O maluco diz: “Ninguém escreve como Marcelo Mirisola, encrenqueiro por natureza e irremediavelmente carta fora do baralho de prêmios, jornadas literárias e idílios em Paraty, não porque ele não queira, mas porque os burocratas e executivos das letras morrem de medo de ouvir o que ele não cansa de repetir e cobrar nestas crônicas.” Quer dizer, sua poética suicida que se consuma na ética mirisoliana, ele e sua Usis, seu tacape envenenado, seu priapismo metafísico.
Lá estarei dia 7, fazendo a leitura da crônica do Festival de Gramado, absolutamente hilária, implacável, que seria do showbiz – essa calamidade cotidiana que corrói nossa humanidade – não fosse vez ou outra Mirisola reportá-lo? Uns trechos:
“Na condição de ‘jornalista’ tive que pagar o mesmo mico do tapete Vermelho que os galãs, ex-galãs, duplas sertanejas e convidados pagam para entrar e sair do Palácio dos Festivais – o “templo” do cinema brasileiro. Entrar e sair, repito. O único corredor polonês do mundo com mão dupla. Do outro lado, os turistas. Posso dizer duas coisas: em primeiro lugar, não queria ser o Tarcísio Meira. A segunda: os turistas urravam (...)
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