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INTERROGATÓRIO NO STF
Congresso em Foco
10/6/2025 | Atualizado às 18:24
Durante o interrogatório de Jair Bolsonaro nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luiz Fux relembrou um encontro que teve com o então candidato a presidente da República, em 2018, no qual se discutiu a possibilidade de implantação de voto impresso. Em sua fala, Fux citou um personagem central na vitória de Bolsonaro naquele ano: o advogado Gustavo Bebianno, falecido em 2020.
Após o rompimento com o então presidente, Bebbiano foi uma das primeiras figuras a alertar para a possibilidade de o ex-aliado tentar um golpe de Estado. "Tudo indica que ele [Bolsonaro] vai tentar [um golpe]", advertiu o advogado em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco em outubro de 2019.
Luiz Fux, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na ocasião, contou que, apesar das dificuldades técnicas e financeiras, foi aberta uma licitação para viabilizar a impressão dos votos. O contrato foi cancelado, no entanto, após o Supremo declarar a medida inconstitucional por comprometer o sigilo do voto. A empresa vencedora já havia adquirido equipamentos e posteriormente foi indenizada.
"Eu lhe disse na época que seria impossível naquele momento conseguir que a máquina expedisse o voto impresso. Fizemos o esforço, abrimos a licitação, mas o STF declarou inconstitucional", relatou o ministro. O ex-presidente confirmou a visita e disse que o voto impresso tinha apoio popular e técnico, embora não tenha prosperado juridicamente.
Segundo Fux, foi Bebianno, o então coordenador da campanha de Bolsonaro, quem levou o então candidato a presidente até o TSE para tratar do assunto. Bebianno seria o primeiro ministro a ser demitido no governo passado, um mês e meio após sua posse. Ele era ministro da Secretaria-Geral da Presidência e foi derrubado após entrar em atrito com o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente.
De aliado a adversário
Bebianno passou de aliado a crítico de Bolsonaro. Na entrevista ao Congresso em Foco, o ex-ministro previu que o então presidente tentaria um golpe de Estado ao longo do mandato. "É muito preocupante. Uma simples tentativa pode gerar muito derramamento de sangue. O Brasil não precisa disso. É um risco real", disse.
Bebianno era advogado pessoal de Bolsonaro e presidente do PSL na campanha de 2018. Na entrevista, o advogado declarou ainda que Bolsonaro havia se cercado de "loucos", abandonado promessas de campanha, e conduzia um governo marcado por autoritarismo e desgoverno. Apontou ainda que assessores do então presidente incentivavam abertamente uma ruptura institucional.
Bebianno alertava para os discursos e símbolos usados por aliados de Bolsonaro, como referências a um novo AI-5 ou ao fechamento do Supremo, como sinais inequívocos de um projeto antidemocrático. "Não são sinais que precisam ser traduzidos. As falas deles são explícitas", declarou.
Ele também avaliava como improvável que as Forças Armadas apoiassem o plano, mas não descartava o risco de envolvimento de setores militares. Investigações da PF mostram que houve resistência de alguns generais, como Freire Gomes, mas também possível conivência de outros, como os generais Braga Netto e Augusto Heleno. Bebianno morreu aos 56 anos, em março de 2020, vítima de um infarto fulminante, segundo a autópsia.
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