Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
ELEIÇÕES 2026
Congresso em Foco
22/9/2025 8:55
O presidente Lula tem reforçado a preocupação com a eleição para o Senado em 2026. O temor é que a oposição conquiste maioria e transforme a Casa em um foco permanente de resistência a um eventual quarto governo dele. Dos 54 senadores que encerram o mandato, 33 são governistas, 15 oposicionistas e 6 independentes. Entre os 27 que ficam até 2031, porém, a correlação se inverte: 10 apoiam o Planalto e 17 estão na oposição.
Essa matemática explica a inquietação de Lula. Bastaria à direita conquistar 24 cadeiras para atingir o número mágico de 41 votos (dos 81 possíveis), suficiente para consolidar uma maioria. Já o governo precisaria de um esforço maior: eleger 32 senadores para garantir o controle da Casa. "Precisamos prestar atenção nisso. Em 2026 temos que eleger uma maioria no Senado", disse Lula no Encontro Nacional do PT, no começo de agosto. Segundo ele, é necessário que o partido abra mão de candidaturas onde tem poucas chances de emplacar senador e apoiar potenciais aliados.
A direita se entusiasma com o cenário, pois entende que exercerá grande influência na próxima legislatura: seja barrando propostas, no caso de reeleição de Lula, seja facilitando a implantação da agenda de um eventual governo conservador. O mesmo raciocínio também vale para petistas, a depender do resultado da eleição presidencial.
O poder dos 41 votos
Com 41 votos, a oposição poderia eleger o presidente da Casa e autorizar a abertura de processos de impeachment contra ministros do Supremo, até hoje uma retórica de grupos radicais, mas que se tornaria viável. O início da tramitação de pedidos dessa natureza depende do presidente da Casa, o que se tornou uma barreira para os oposicionistas hoje, dada a ligação do atual presidente Davi Alcolumbre (União-AP) com o governo. A lei exige 41 votos, ou seja, maioria absoluta, para aprovação do processo em uma comissão especial. Para passar no Plenário, no entanto, é necessário o apoio de 54 senadores.
No Senado, ter mais da metade das cadeiras equivale, na prática, a um poder de veto institucional. Com esse bloco, a oposição pode:
Esse peso tende a crescer a partir de 2027, quando ao menos três ministros do STF (Cármen Lúcia, Luiz Fux e Gilmar Mendes) se aposentarão compulsoriamente. Embora a indicação seja de competência exclusiva do presidente da República, o Senado pode rejeitar o nome escolhido, causando enorme constrangimento ao governo e obrigando o Planalto a rever o perfil.
Para situar os senadores em oposição, governistas e independentes, o Congresso em Foco levou fatores como autodeclaração e o índice de governismo, registrado no Radar do Congresso, ferramenta deste veículo que monitora as votações no Legislativo. Quanto maior a coincidência entre o voto do parlamentar e a orientação do governo na Casa, maior o índice de governismo.
O projeto da oposição
A direita considera prioritária a eleição ao Senado, sobretudo com a inelegibilidade e a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, resumiu a estratégia. "Temos que ter um governo de direita com o Congresso na palma da mão." Ele acredita que a atual oposição possa ocupar ao menos 45 cadeiras no Senado a partir de fevereiro de 2027.
Entre as principais apostas do grupo político para alcançar a maioria estão a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, favorita no Distrito Federal, e Flávio Bolsonaro, que tentará a reeleição no Rio de Janeiro. Carlos Bolsonar deve concorrer por Santa Catarina. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que chegou a ser tratado como pré-candidato a senador por São Paulo, tem seu futuro eleitoral incerto desde que se mudou para os Estados Unidos e passou a trabalhar por sanções contra o Brasil e autoridades brasileiras, em reação aos processos contra o seu pai.
Além de Flávio, outros aliados de Bolsonaro terão de se submeter novamente ao teste das urnas, como Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo Girão (Novo-CE) e Marcos do Val (Podemos-ES). Já entre os senadores próximos a Lula que terão de voltar às urnas estão Randolfe Rodrigues (PT-AP), Jaques Wagner (PT-BA), que são os líderes do governo no Congresso e no Senado, e Renan Calheiros (MDB-AL).
O governo também tem suas apostas de peso. Além de nomes de impacto regional, há possibilidade de ministros como Simone Tebet (MDB), Márcio França (PSB), Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), que também é vice-presidente da República, entrarem na disputa. O cenário, porém, é de indefinição, pois depende de costuras casadas para os governos estaduais e a disputa presidencial.
Quando o Senado foi barreira
A história recente mostra que o Senado pode ser um contrapeso poderoso. Durante o governo Bolsonaro, a Casa exerceu freios importantes: rejeitou indicações, dificultou a tramitação de propostas polêmicas e, sobretudo, abriu espaço para a CPI da Covid em 2021. Instalada a partir de requerimento com apoio de independentes e opositores, a comissão investigou falhas da gestão da pandemia, desgastou o Planalto e marcou a agenda política daquele ano.
Esse episódio ilustra o alcance do Senado quando se organiza em torno de um bloco sólido - e ajuda a explicar por que Lula vê 2026 como uma batalha crucial. Pesquisa Quaest divulgada na última quinta-feira (18) aponta favoritismo do petista para a eleição presidencial. Mas nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Michelle Bolsonaro e Ratinho Junior (PSD) também demonstram competitividade.
O desafio do governo
Para Lula, a eleição do Senado será tão decisiva quanto a presidencial. A orientação ao PT é apostar em candidaturas fortes e, onde não houver nomes viáveis, apoiar aliados competitivos para evitar dispersão de votos.
Mais que manter a base, o Planalto sabe que a próxima legislatura moldará o futuro do Supremo Tribunal Federal e o equilíbrio entre os Poderes. Se a oposição alcançar 41 votos, terá uma barreira quase intransponível contra o governo. Se o governo formar maioria, poderá avançar em reformas e consolidar sua agenda.
{ "datacode": "NOTICIAS_LEIA_MAIS", "exhibitionresource": "NOTICIA_LEITURA", "articlekey": 112130, "viewed": [ "112130" ], "context": "{\"articlekey\":112130,\"originalarticlekey\":\"112130\"}" }
PEC da Blindagem
PEC da Blindagem
Ato contra PEC da Blindagem mobiliza manifestantes em Brasília
PEC da Blindagem
Relator da PEC da Blindagem no Senado anuncia parecer pela rejeição
PEC da Blindagem