Quaest: governo Lula reage e atinge maior aprovação do ano

A aprovação do governo Lula atingiu em outubro seu melhor resultado de 2025, segundo a nova pesquisa Genial/Quaest. O levantamento aponta empate técnico entre aprovação (48%) e desaprovação (49%), dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. É a primeira vez no ano que o governo empata com a taxa de reprovação, após três meses de recuperação contínua iniciada em julho.

Os números confirmam uma forte reação na popularidade presidencial. Em maio, a diferença entre aprovação e desaprovação era de 17 pontos percentuais: 57% desaprovavam o governo e apenas 40% o aprovavam. Agora, essa distância caiu para apenas um ponto, consolidando a tendência de melhora.

O avanço foi impulsionado sobretudo por mulheres e pelo Nordeste, dois grupos que voltaram a demonstrar apoio decisivo ao presidente. Entre as mulheres, a aprovação subiu de 48% para 52%, enquanto a desaprovação recuou para 45%. No Nordeste, o índice favorável saltou de 53% para 62%, contra 36% de reprovação - o melhor saldo regional registrado em 2025.

Veja a pesquisa

O governo também apresentou avanços em regiões historicamente mais resistentes. No Sul, a aprovação passou de 35% para 41%, e no Sudeste, de 40% para 44%. Já no Centro-Oeste e Norte, a desaprovação segue predominante, com 55%.

Estabilidade e limites

Apesar da melhora, o cenário permanece marcado pela polarização política. A fatia dos que consideram o governo "regular" segue em 27%, enquanto 37% o avaliam como negativo e 33% como positivo. Entre os eleitores identificados como lulistas, 90% aprovam a gestão; entre os bolsonaristas, 89% desaprovam. Essa divisão sustenta o empate técnico e restringe ganhos mais amplos de popularidade.

A melhora coincide com um período de recuperação política e de percepção mais favorável da economia e das notícias sobre o governo. Embora 46% ainda vejam mais notícias negativas, o número dos que percebem matérias positivas subiu para 30%.

A retomada também reflete medidas de alívio fiscal, como a reforma do Imposto de Renda - apoiada por 79% dos brasileiros - e o aumento da visibilidade internacional de Lula após o encontro com Donald Trump e o discurso na ONU.

Avaliação de Felipe Nunes

O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, afirma que os resultados confirmam uma recuperação consistente da popularidade e da credibilidade do governo desde julho. Segundo ele, mais brasileiros passaram a dizer que a gestão supera suas expectativas, resultado do acúmulo de vitórias políticas e da presença de mais notícias positivas na mídia.

Entre os fatores que contribuíram para o avanço, Nunes destaca o encontro entre Lula e Trump na ONU, conhecido por 57% dos entrevistados, que deixou 49% com a impressão de que o presidente saiu politicamente mais forte. O discurso de Lula na ONU também teve boa recepção: entre os que o acompanharam, 52% avaliaram positivamente e 34% negativamente.

Outra medida bem recebida foi a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, apoiada por quase 80% da população. Nunes observa, no entanto, que o otimismo é alto: 41% acreditam que a reforma trará melhora importante nas finanças pessoais - expectativa que, segundo ele, ultrapassa os efeitos reais estimados.

"O mais impressionante", diz o pesquisador, "é que essa expectativa positiva cresceu inclusive entre bolsonaristas e eleitores de direita não bolsonarista, o que indica avanço do governo fora de sua base tradicional".

Metodologia

A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre 2 e 5 de outubro, com 2.004 entrevistas presenciais em 120 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, e o nível de confiança, de 95%.