Projeto para homenagear Trump gera confusão na Câmara do DF

Um projeto que visa conceder o título de cidadão honorário de Brasília ao presidente norte-americano, Donald Trump, gerou intensos debates e tumulto no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), na terça-feira (11). A proposta foi apresentada pelo deputado distrital Joaquim Roriz Neto (PL) e chegou a ser incluída na pauta de votação, mas o parlamentar decidiu retirá-la diante da falta de apoio suficiente entre os colegas.

Roriz Neto defendeu o projeto como uma forma de reconhecer uma liderança conservadora de alcance global. O distrital afirmou que o prepublicano "representa um movimento de direita" e que sua figura simboliza valores compartilhados por parte dos deputados da Casa. Segundo ele, os alertas emitidos pela embaixada dos Estados Unidos sobre áreas de risco em Brasília não poderiam ser atribuídos a Trump:

"Para início de explicação, a embaixada americana, ela tem um histórico de mais de duas décadas de emitir alertas para visitantes dos Estados Unidos não irem em certas regiões de Brasília. Não é presidente, seja democrata ou seja republicano, que fala para não visitar Brasília. Tanto que quando o Joe Biden era presidente, democrata, a embaixada emitia os mesmos alertas."

Do outro lado, a oposição fez duras críticas à proposta. O deputado Fábio Félix (Psol) foi o primeiro a se posicionar:

"Presidente, eu vim a essa tribuna hoje um tanto quanto envergonhado. Para quem está assistindo saber o que vai ser votado agora: essa Casa vai aprovar, ou pretende aprovar, um título de Cidadão Honorário pro Donald Trump. É isso mesmo, vocês podem estar achando que é uma brincadeira ou uma piada de mau gosto, mas não, tem um deputado propondo um título de cidadão honorário para o presidente dos Estados Unidos, o mesmo presidente que nesse momento está taxando os produtos brasileiros em 100%."

Gabriel Magno (PT) também criticou o debate, apontando que o tema destoava das urgências locais e que Trump não atendia aos critérios para a honraria.

"Amanhã está marcada uma paralisação dos enfermeiros dessa cidade. Vão paralisar um dia, diante do caos da saúde. E nós estamos debatendo aqui cidadão honorário para Donald Trump."

Já o deputado Chico Vigilante (PT) fez um discurso inflamado, pedindo que a Casa rejeitasse a homenagem:

"Me apontem um motivo para votar a favor de um título de cidadão honorário para o Trump. Acho que nós estamos saindo, Presidente Wellington, completamente fora da curva. Um sujeito que é atacado de pedofilia nos Estados Unidos. Pedófilo. Um sujeito que atenta contra a democracia no nosso país e no continente. Cria confusão em todos os cantos do mundo. Acha que pode mandar no Brasil e que pode mandar no resto do mundo."

Durante a sessão, o presidente da CLDF Wellington Luiz (MDB), tentou conter os ânimos e reconheceu o direito do colega de apresentar a proposta, mas declarou desconforto em apoiá-la. "Eu vou votar em consideração ao Joaquim. Porém, não me sinto confortável em votar a favor."

Percebendo que não reuniria quórum suficiente, Roriz Neto solicitou que a proposta fosse apreciada em outro momento.

"Presidente, chegaram algumas pessoas aqui e falaram que realmente tem alguns parlamentares da base que não estão aqui presentes, então eu vou pedir a retirada de pauta do PDL 313 para votar em outro momento."

Wellington Luiz agradeceu o gesto e encerrou o debate.

"Quero agradecer o gesto de grandeza do deputado Joaquim, isso é respeitar a vontade dos colegas, obrigado deputado Joaquim, digo mais uma vez, não estaria confortável para votar no indicado, mas em vossa excelência, em respeito ao que você representa, a sua família, eu votaria sim contigo."