A casa das três mulheres

Heitor Diniz*

Se a semana anterior foi da virulência cangaço-coronelística, dos olhares possuídos, engolidos e digeridos, das línguas e peixeiras afiadas e dos coldres fumegantes, a que termina fica com a marca da doçura feminina... 
 
Doçura? Não tão cedo, cara pálida!
 
Doçura e compostura estão em falta no Velho Centro-Oeste, mesmo entre as donzelas. Por aquelas bandas, tem duelo todo dia e puxão de cabelo não demora. O saloon não serve refresco. Só a "marvada", com pré-sal e limão capeta.
 
O triângulo é pestilento: Marina não tinha ambiente com Dilma, que despachou Lina e não a quer ver nem pintada de verde, amarelo e brasão da República.
 
Mas parece que já quis um dia, e que a viu. Pintada? "Ninguém" sabe. Corre à boca pequena que ordenou umas maquiagens estranhas e uma fiscalização meio pó-de-arroz "pra mode embelezá" os negócios da família do coronel-mor.
 
E Lina? Não seguiu a Receita e ficou sem casa. Despachada às pressas para o Norte no Expresso Vista Grossa, nem pode agendar a mudança. E a reunião? Agendou? Ou foi secreta, à moda da Casa?
 
Por falar em Casa, para onde voltara há tempos, é lá que Marina junta as ideias. Pintava-se de Vermelho. Agora pende para o verde, uma alternativa que os companheiros não querem ver amadurecer. Para eles, o Vermelho, ainda que pálido, desbotado e esgarçado, continua lhe caindo melhor, pois não lhes aperta a governabilidade.
 
Resumo do forrobodó: Marina, retirante do êxodo ambiental, voltou à Casa, e agora quer trocar de casa, almejando Palácio. Verde. Mas Dilma o quer Vermelho. A conferir. Dilma, na Casa-Civil, anda pensando que a casa caiu. Sem tolerar ambas, quer Lina longe e Marina perto. E Lina, ainda procurando casa no Norte, não sabe se desfaz a bagagem ou se volta para fortes emoções no Velho Centro-Oeste. Tem cangaceiro e coronel de olho gordo em cima e ouvido em pé, assuntando se a prosa dela vai ser boa.
 
Afinal, quem manda nas casas? A mulher, a mulher ou a mulher? 

*Heitor Diniz é jornalista