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Congresso em Foco
12/12/2017 11:42
<< A incrível bancada dos parentes no CongressoEntão, o que renovar? Penso que, além das pessoas e das "famílias", é necessário mudar a perspectiva do que é a representação, ou melhor, entender que um cargo político não é um cheque em branco do eleitor, mas a possibilidade de colocar-se a serviço. Claro, isso passa por sanar questões como o apoio (leia-se financiamento), dado por empresários, sobre o que alguns passos foram dados. Uma real reforma política, com formas menos privilegiadoras de acesso a recursos - pode ser um caminho para a renovação. Vemos, no sentido da representação a serviço, experiências interessantes como cargos coletivos, quando o vereador, por exemplo, faz de seu mandato um mandato coletivo, com ampla participação popular, pois a própria candidatura é resultado de uma construção coletiva e não um nome para "puxar votos". Lembro de uma experiência denominada "vereador paralelo" (alusão ao governo paralelo de 2002), em que um coletivo de pessoas acompanhava as sessões e atividades dos vereadores de uma cidade do interior de São Paulo. No fundo, a busca pela efetiva participação, o inverso do cheque e branco por quatro anos. Outra experiência possível é o mandato assumido por mais de uma pessoa, como aconteceu nas eleições em Goiás, quando cinco pessoas "assumiram um mandato". São buscas importantes. Aspecto ainda a considerar é a diversidade de representação. Numa sociedade diversa, pluricultural, pluriétnica como a brasileira, temos um representante que se assume homossexual; nenhum deputado ou senador indígena, poucos negros e negras, poucas mulheres. Então, renovar é, também, garantir a efetiva e diversa representação. Uma das maiores bancadas no Congresso é a ruralista, que representa aproximadamente 1% da sociedade brasileira e legisla em visível defesa dos interesses do setor. Enquanto isso 54% de nossa população, que é composta de afrodescendentes é sub-representada. Um país com mais de 305 povos indígenas, uma das maiores diversidades do mundo, que seguem excluídos dos espaços nacionais de decisão. Não creio haver uma receita, mas passos importantes para a renovação política (na política e da política) passam pela garantia da efetiva participação da sociedade nas decisões. Há muita pressa nas decisões, pois, hoje, busca-se atender ao empresário ou "doador" de campanha. Mesmo que seja necessária uma maior lentidão nas decisões, ainda assim a participação social - através dos mais variados espaços - seria o ideal. Em alguns lugares, quando levado devidamente a sério, o "orçamento participativo", por exemplo, trouxe resultados importantes e efetivos exercícios de participação e decisão. Mesmo não havendo uma "educação para e sobre a política", a participação é formativa. Essa educação também é base para a renovação. Por fim um cuidado se requer: os discursos "apolíticos", como os que elegeram João Doria em São Paulo e Donald Trump nos EUA, podem ganhar "cara" de renovação. Para mim, esses seriam/são retrocessos assustadores para a adolescente democracia brasileira. São, na verdade, um envelhecimento da política, pois associa o cargo à dimensão de "gestor". O Estado, contudo, não é, ou não deve ser uma empresa. Numa empresa se buscam lucros, metas que alimentam a acumulação de alguns - os donos - em detrimento dos trabalhadores. O Estado, e aqueles que assumem sua direção, devem estar a serviço da res pública e do povo. Embora pareça utópico, temos os "poucos mais fiéis" que ainda creem nesse caminho e, em tempos de golpe e re-golpes buscam, mesmo velhos, renovar a política. Oxalá sejam multiplicados.
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