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Brassíria - Um cenário sombrio do Brasil pós-eleições

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27/9/2018 | Atualizado 10/10/2021 às 17:41

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Decreto do banco de talentos, com normas para indicações a cargos, editado na segunda, terá a data ajustada após pressão dos parlamentares. Nomeações seguem travadas [fotografo]EBC[/fotografo]

Decreto do banco de talentos, com normas para indicações a cargos, editado na segunda, terá a data ajustada após pressão dos parlamentares. Nomeações seguem travadas [fotografo]EBC[/fotografo]
André Rehbein Sathler e Renato Ferreira * Para além das eleições, talvez seja a hora de começarem as especulações sobre o que virá. Assumimos a proposta de projetar alguns cenários, a partir de combinações bidimensionais envolvendo os dois candidatos mais bem posicionados nas pesquisas. São variáveis as possibilidades de manutenção da ordem vigente ou sua alteração brusca por via de algum rompimento institucional e as respectivas possibilidades de vitória ou derrota. São pressupostos uma eleição decidida no photo-finish e a manutenção de um perfil conservador no Congresso Nacional. Primeiro cenário: Jair Bolsonaro vence e mantém as regras do jogo. A pauta conservadora deve avançar razoavelmente, pois, sem Bolsonaro, já vinha ensaiando vários avanços, a partir da chamada bancada BBB - Bíblia, Bala e Boi no Congresso. A pretensão de legalização do aborto pode ser sepultada, o Estatuto da Família ser revisitado, o casamento homossexual talvez seja revisto por força de nova legislação e a maioridade penal pode vir a ser reduzida. Isso porque não há sinais de que o novo Congresso será fundamentalmente diferente da atual legislatura, na qual essas ideias foram ventiladas. Com o apoio do Executivo e sua base, é provável que algumas delas, ou mesmo todas, venham a se efetivar. Em termos econômicos, deveremos ver uma pauta de Temer turbinada, em uma versão liberalismo pero no mucho, a partir do perfil mais intenso de Guedes em relação a Meirelles. A ressalva nasce das tensões entre o histórico ideário de Bolsonaro (estatista) e o de seu superministro. Como o próprio candidato afirmou, será um casamento a ser mantido enquanto dure. A sociedade seguirá turbulenta, com manifestações recorrentes, greves e muito barulho nas redes sociais, pois a oposição derrotada quase que em um empate técnico não estará nem de longe pacificada. Bolsonaro vence, mas, diante da turbulência social e de eventuais futuros embates com o Congresso, confirma os piores presságios e dá um autogolpe, instalando uma nova ditadura. Em tempos de internet e redes sociais, o golpe, para ser bem-sucedido, terá que recorrer mais à força do que o de 1964 - já partiríamos direto de uma espécie de AI5. A redução forçada do ruído social será acompanhada de um mercado satisfeito por algum tempo - apreciará a ordem unida, mas permanecerá aguardando os resultados econômicos. Nessa hipótese, contudo, o elemento pero no mucho do liberalismo apregoado pela chapa será mais chamativo ao futuro candidato, pois, uma vez que não terá que enfrentar a pluralidade, tenderá a voltar às visões estatistas características dos regimes de força e à sua noção estratégica de segurança nacional. Alguém acredita seriamente que a Petrobras seria privatizada em um cenário como esse? Talvez vejamos justamente o contrário, com Vale, Embraer e outras empresas consideradas estratégicas voltando ao rol de estatizáveis. Bolsonaro perde, mas consegue articular de forma satisfatória a insatisfação dos que nele votaram, que bebe no antipetismo e no conservadorismo, para impulsionar um golpe, utilizando-se da "senha" correspondente à prévia contestação das urnas eletrônicas e à não aprovação do voto impresso. Talvez, para o candidato, esse não seja um cenário ideal, pois, pelo histórico das Forças Armadas, muito provavelmente, nesse caso, ele não seria o presidente. Sua participação seria dar o estopim para o desenrolar dos fatos, mas, sem o estofo eleitoral para justificar a quebra das patentes, o novo presidente provavelmente seria um general. Afinal, hierarquia é hierarquia. O que virá depois disso deve ser parecido com o cenário anterior - repressão mais aguda e ainda mais predomínio de uma visão desenvolvimentista e estatizante (se é difícil que o próprio Bolsonaro esteja na parada, quanto mais Paulo Guedes). Mais um cenário: Bolsonaro perde, põe a viola no saco e se dá por satisfeito com a vitória dos filhos para cargos legislativos, bem como de alguns aliados. Consegue um posto que mantenha sua visibilidade e decide, tal qual os Le Pen na França, aguardar melhor oportunidade. Ou melhor, construir essa oportunidade, fazendo oposição sistemática e aguerrida ao governo eleito do PT e aprofundando as clivagens de cunho moral patentes na sociedade. A depender do desempenho econômico que o eventual governo do PT obtenha, a turbulência social aqui não será na forma de greves, mas de manifestações de massa, semelhantes e talvez mais intensas que as de 2013. Fernando Haddad terá que ser um malabarista muito habilidoso para conseguir articular respostas satisfatórias a tudo isso. Superar o antipetismo será uma tarefa hercúlea, ainda mais tendo que prestar senhoriagem a Lula, como o próprio Haddad anunciou, afirmando que manteria as visitas ao ex-presidente na cadeia. Terá diante de si uma opção forte e tentadora: rejeitar o PT, escolher outro partido e buscar consolidar um governo amplamente apoiado no famoso centrão, seguindo o ritmo tradicional do nosso presidencialismo de coalizão. De qualquer forma, terá que continuamente minimizar a força dos que têm raiva "disso tudo que está aí", talvez maior e mais represada do que nunca. Pode ser que repita sua gestão em São Paulo: sobreviva ao mandato, entregue algumas coisas boas, mas não consiga convencer o eleitorado a renovar seu trabalho em 2022. Haddad perde e busca contestar o sistema, assumindo o discurso de "vai ter que matar gente", proclamado por algumas lideranças do PT. Articula um golpe de esquerda, para refundar a nação aos moldes de um socialismo lulopetista. Nessa situação, também Haddad deixaria de ter um papel de destaque, pois o protagonista maior desse possível movimento já existe. Lula seria a escolha natural das forças de esquerda para assumir o papel de líder revolucionário, a la Fidel, capaz de mobilizar apoio de grande parcela da população para um golpe dos derrotados. Teríamos um Lula bem diferente daquele nascido na Carta ao povo brasileiro e consolidado nos seus dois governos: desta feita, ele recorreria com toda a intensidade às suas habilidades de líder carismático e se valeria de uma saída da prisão com ares de unção popular. Última hipótese: Haddad vence e encontra apoio em alguns bolsões das Forças Armadas, sob a liderança de algum general desgarrado - para implementar, ele sim, um golpe. Suas raízes democráticas não facilitam esse tipo de extrapolação, mas, para seguir com a lógica dos cenários bidimensionais, colocamos a possibilidade na mesa. Nessa circunstância, talvez Haddad possa manter um papel considerável no futuro governo, embora igualmente tenha que se ver com a acomodação de Lula. Em ambas as hipóteses de golpe pela esquerda, pode-se prever ampla resistência por parte de grandes setores das Forças Armadas. Provavelmente o país entraria em um cenário de guerra civil aberta, com confrontos violentos até que surja um vencedor. Por incrível que pareça, o Brasil pode virar uma Síria: triste paráfrase de Bacha. * André é doutor em Filosofia e Renato é Doutor em Ciência Política.  

Leia mais textos de André Rehbein Sathler

O inegociável - democracia em tempos de orfandade social e crise de representação

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