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Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Vinícius Sousa
17/5/2017 8:00
[fotografo]Óleo em tela de Benedito Calixto/Domínio Público[/fotografo][/caption]Ademais, a alta taxa de endividamento mostra que precisamos repensar a lógica dos gastos do Estado. Quais devem ser as prioridades do "Estado empresário"? Em que agendas o Estado deve priorizar o investimento e a participação? Quais são os limites do "Estado fiscal"? Qual o nível de contribuição tributária é suficiente para regular a relação Estado-Sociedade? Estas perguntas precisam, com urgência, fazer parte da realidade dos cidadãos, para que possamos, conjuntamente, melhorar a máquina estatal.
Exemplo dessa urgência foi a operação deflagrada pela polícia federal na semana passada. Denominada de Operação Bullish, ela investiga possíveis fraudes e irregularidades na concessão de aportes financeiros do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a JBS, um dos maiores frigoríficos do Brasil e do mundo.
Esta operação apenas evidencia o que já se desconfiava, não apenas em relação a este frigorífico, mas entre outros empreendimentos brasileiros de grande porte: há a presença elevada e desnecessária de subsídios e empréstimos de origem estatal.
Pesquisadores, como os economistas Sérgio Lazzarini e Alexandre Schwartsman, não veem grandes justificativas para tal atuação estatal, que mais se assemelha a uma versão do "Bolsa família", o "Bolsa Empresário".
Eles atestam que empreendimentos semelhantes à JBS possuem pouco impacto no desenvolvimento industrial do país e conseguiriam empréstimos financeiros equivalentes na iniciativa privada - contando, contudo, com menos benesses, como juros menores e maiores prazos para a quitação do débito.
Nos resta, porém, nos indignarmos com esta realidade e reivindicarmos maior accountabillity das operações do BNDES, assim como o uso dos empréstimos como investimentos em empreendimentos que realmente necessitem do aporte financeiro de origem estatal.
Neste mesmo jornal, Andre Rafael, co-idealizador do Projeto Brasil 2030, nos alerta que muitos dos problemas no modelo de financiamento do Estado brasileiro são decorrentes da inexistência de esforço consistente e contínuo de tornar a Constituição plenamente exequível.
Se não houver esta revisão do texto constitucional, seus direitos e garantias, podemos ver se concretizar a visão do Estado mínimo, ao qual André avalia que isso poderá surgir não pela crença da sociedade nos princípios liberais, mas pela necessidade de ter o mercado como alternativa ao Estado e sua dificuldade em fomentar políticas públicas que correspondam ao interesse dos cidadãos.
Se tomaremos a decisão por mais Estado ou menos Estado, resta claro que ele permanecerá lá, ainda firme. Não alcançaremos - seguramente não nos próximos anos - o status de Anarquia. Precisamos, todavia, aumentar sua capacidade de transparência e sua eficiência. Como disse José Murilo de Carvalho, em seu livro Cidadania no Brasil: o longo caminho, "os progressos feitos são inegáveis, mas foram lentos e não escondem o longo caminho que ainda falta percorrer".
Nota adicional:
O tema desta coluna foi motivado pela próxima edição do Café com Política. O tema será: "Qual o tamanho do Estado?". O debate ocorrerá no próximo dia 25/05, no Café Multiplicidade.
O objetivo é amadurecer o debate sobre a dimensão da atuação do Estado brasileiro, contrastando ideias difundidas entre perspectivas dominantes, aquelas que defendem menor participação do Estado e as que defendem maior participação.
Estará conosco na moderação Guilherme Brandão, mestre em Ciência Política pela UnB, Diretor de Projetos do Observatório Social de Brasília e servidor público federal. Nossos debatedores serão Gustavo Maultasch de Oliveira, diplomata de carreira; e Daniel Avelino, especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Instituto de Políticas Públicas e Gestão Governamental do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Para mais informações, acesse: https://www.facebook.com/events/305864036504243/
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