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29/3/2013 | Atualizado às 8:13

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Conversando há alguns dias com meu grande amigo Ítalo Moriconi (poeta, crítico), mencionamos que grande tema dariam as gerações pós-90 como Gerações Deserdadas - deserdadas de "nós", os de 80,70 e 60 (e quem mais estiver vivo). Contudo, o que seria uma proposta prévia de mea-culpa desbordou em - ao sabor do tempo e da reflexão - equívoco. Não, meu querido Ítalo, nós não deserdamos ninguém. Todos fomos espoliados, eis a questão. Pois o mercantilismo feroz dos nossos dias, ao nos espoliar dos ideais, dos sonhos, dos projetos e, naturalmente, das esperanças futuras - em suma, de tudo aquilo o que seria IMPALPÁVEL -, nos roubou precisamente a REALIDADE MATERIAL, deixando em seu lugar apenas escombros, uma sucata de vida e cultura implodida em fragmentos desconexos. E naturalmente a crueldade. A paradoxal ilimitação da violência de guerras da parte de sociedades pós-militares. Com a onipotência (e a inconsciência dum cosmo ou mundo organizado que tal sociedade já não tem), a violência virou uma segunda natureza e o ato de matar, roubar, violar e espoliar, uma rotina. Sobretudo simbólica, imaterial e,  esta sim, sua PRIMEIRA NATUREZA. Donde a plena realização distópica. Por isso, quando leio os textos de Mirisola (um dos últimos publicados aqui, com personagens cujos nomes se resumem a uma única sílaba, a Ki, o Ku, ou uma perífrase debochada, como a Japa do contábil, todos desvivendo, posto que vivem apenas em função das postadas no feicebuque), do André Sant'Anna (sobretudo aquele conto "A lei"), o romance Pornopopéia do Reinaldo de Morais, TUDO do Bortolotto, sinto, sei, compreendo perfeitamente que eles estão fazendo seu serviço de continuidade literária direitinho, às mil maravilhas, ao qual nada tenho a acrescentar senão meu próprio assombro, minha náusea, meu desespero. Alain Badiou considera que vivemos num espaço social experimentado pouco a pouco como "sem mundo" (e nesse espaço, a única forma que o protesto pode assumir é a violência desprovida de sentido). Isto é, desmundo (tomando emprestado o título do romance de Ana Miranda, mas tenho a impressão que essa expressão é um achado verbal ainda mais antigo: alguém aí lembraria de quem?). Por que eu nasci, cresci e vivi numa época onde a "civilização brasileira" ainda existia, bem como o futuro era possível e a vida fazia sentido. Algo intransmissível às gerações posteriores - daí o equívoco quanto ao suposto deserdamento das futuras gerações - a quem coube, isto sim, e nas palavras também do crítico Roberto Schwarz, testemunhar não um mundo, um cosmos, mas o caos, o declínio, a queda, o desmanche em todo seu esplendor. E sua total falta de sentido. Nesta sexta-feira da paixão.
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Marcelo Mirisola Ítalo Moriconi literatura brasileira André Sant'Anna Reinaldo de Morais Alain Badiou Ana Miranda Roberto Schwarz civilização brasileira Mário Bortolotto

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