Para aprovar rapidamente a lei que regulamenta as manifestações de  rua e tentar fazer com que as regras valham para os jogos da Copa do  Mundo que começam no dia 12 de junho, governo e Congresso decidiram hoje  (10) que vão tentar trabalhar juntos. No Parlamento, tramitam mais de  dez propostas sobre o assunto. Em uma reunião hoje (10), o ministro da  Justiça, José Eduardo Cardozo, apresentou os pontos considerados chave  para o Planalto aos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves  (PMDB-RN), e do Senado, 
Renan Calheiros (PMDB-AL).
O acordo, ao  final, foi concentrar os trabalhos nas mãos do senador Pedro Taques  (PDT-MT), autor de um projeto substitutivo no Senado que deveria ser  votado esta semana na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas foi  adiado para a quarta-feira (16). Cardozo reconheceu que a proposta  apresentada por Taques, que tem a tramitação mais avançada, é também a  de maior sintonia com o que o governo espera.
"O Brasil é um país  democrático e nós precisamos de manifestações, mas a prática de crimes  nas manifestações tem que ser coibida e tem que ser criminalizada",  explicou Taques. Segundo ele, a ideia é preencher a falta de uma  legislação de emergência no país a partir de alterações pontuais do  Código Penal. No substitutivo ao Projeto de Lei (PLS 508/13), Taques  defende o aumento de pena para crime  relacionado ao patrimônio, permite  que a autoridade policial possa investigar os danos e qualifica o  homicídio praticado nas manifestações.
O relator também defende penas mais rigorosas para os casos de lesão  corporal e retira a proibição do uso de máscaras pelos manifestantes.  "Nós entendemos que não se faz possível aqui no Brasil a proibição de  uso de máscaras em manifestações. Existe quem defenda que sim. Nós vamos  debater isto na CCJ", disse.
Mesmo com o acordo, a Câmara  continua analisando normalmente as propostas que tramitam na Casa sobre o  tema. Mas, para dar celeridade, a ideia é que os pontos consensuais já  sejam acordados e que divergências sobre trechos mais polêmicos, como a  proibição do uso de máscaras em protestos e aumento de penas para crimes  praticados durante manifestações, comecem a ser debatidos. Outra  polêmica é a inclusão ou não nessa mesma proposta de sanções para casos  de abusos cometidos por policiais.
O presidente da CCJ no Senado,  Vital do Rêgo (PMDB-PB), não acredita na aprovação de um texto  consensual antes da Copa. "Queremos encontrar um projeto que seja comum e  receba o apoio de ambas as Casas. Acho muito difícil [valer para a Copa  do Mundo]", avaliou.
Apesar do pessimismo do parlamentar, o  ministro da Justiça disse que a aprovação da proposta antes do Mundial é  uma questão de vontade política. "Quando as pessoas querem, elas  conseguem", afirmou.
Cardozo evitou apontar questões irredutíveis  para o governo e limitou-se a afirmar que a lei será construída  conjuntamente e não pode limitar o direito à liberdade de expressão ou  de reunião da população. "O governo já vem estudando um projeto que  possa garantir a possibilidade das pessoas se manifestarem sem qualquer  tipo de abuso de pessoas [cidadãos comuns] ou autoridades", garantiu.
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