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Congresso em Foco
4/9/2010 6:45
ÉPOCA
A cartada de Serra
Em queda nas pesquisas, o tucano vai ao ataque e explora o crime cometido contra sua filha Veronica para tentar chegar ao segundo turno .
Com a vantagem da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) sobre o ex-governador José Serra (PSDB), oscilando em torno dos 20 pontos porcentuais, a eleição presidencial parecia caminhar para um desfecho previsível no primeiro turno. Na semana passada, o escândalo da quebra ilegal de dados fiscais de tucanos, cujo sigilo deveria ser preservado pela Receita Federal, se agravou com a revelação de que a filha de Serra, a empresária Veronica Serra, também foi alvo de uma violação. A campanha de Serra, que estava sem rumo e sem discurso para enfrentar a candidata de um governo com índices de aprovação superiores a 70%, passou a ter uma bússola de orientação e ganhou um alento para tentar evitar que a disputa seja encerrada no próximo dia 3 de outubro, com a vitória de Dilma.
O efeito eleitoral do escândalo ainda é incerto. Muitos tucanos alimentam dúvidas se conseguirão mudar a rota da campanha com um caso distante do cotidiano da maioria dos eleitores, que anda animada com as facilidades de crédito, a expansão do poder de consumo e o crescimento da economia (entre abril e junho, o PIB cresceu 8,9%, em comparação com o mesmo período do ano passado). Mas, apostando na possibilidade de que a violação possa ser para Serra o que o episódio dos aloprados (como ficaram conhecidos os petistas presos em flagrante ao tentar comprar, com dinheiro de origem ilegal, um dossiê contra tucanos) representou para Geraldo Alckmin em 2006 contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma brecha para arrastar a disputa eleitoral para um segundo turno , resolveram levar o caso para o palanque. Na quinta-feira à noite, o programa de Serra no horário eleitoral gratuito de televisão foi praticamente todo dedicado ao escândalo da violação. A decisão de abordar o tema foi tomada pelo próprio Serra e pelo responsável pela comunicação da campanha tucana, Luiz Gonzalez. Ao mesmo tempo, o PSDB pediu à Justiça Eleitoral a cassação da candidatura de Dilma, o que foi imediatamente arquivado por falta de provas.
"Violação de sigilo equivale à tortura"
O engenheiro Luiz Carlos Mendonça de Barros, UM dos alvos da quebra ilegal de sigilo perpetrada nas dependências da delegacia da Receita Federal em Mauá, São Paulo, diz que tem a obrigação política, como cidadão, de levar a questão aos tribunais. Se eu me calar, será uma vitória para eles, diz Mendonça de Barros, em alusão às pessoas que tinham interesse em seus dados fiscais. Apesar de partilhar a suspeita de que a violação tenha motivação político-eleitoral, o ex-ministro, que ocupou a pasta das Comunicações no governo de Fernando Henrique Cardoso, isenta o núcleo do governo Lula e da campanha da ex-ministra Dilma Rousseff de responsabilidade no episódio.
O alvo era a turma de Serra
A delegacia da Receita Federal em Mauá, município da região metropolitana de São Paulo, se tornou um dos epicentros da disputa eleitoral pela Presidência da República. Na semana passada, o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, obteve na Justiça acesso a um processo administrativo disciplinar conduzido pela Corregedoria da Receita Federal. A investigação tenta descobrir quem e por que violou dados do Imposto de Renda de Eduardo Jorge. As informações contidas em quase 500 páginas mostram que, a partir dos computadores no piso superior da agência, onde ficam 12 mesas, uma copa e um banheiro, foram feitos acessos irregulares aos dados não só de Eduardo Jorge, mas do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, do ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira e do empresário Gregorio Marin Preciado. Os três últimos também são ou foram ligados ao candidato do PSDB à Presidência, o ex-governador José Serra.
A conta vai sobrar para todos nós
Em seus programas de TV e nos palanques, os dois principais candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff, do PT, e José Serra, do PSDB prometem fazer um governo de continuidade. É natural que digam isso, por temor de contrariar os cerca de 80% de eleitores que aprovam o presidente Lula. Mas não é totalmente verdade. Políticos e economistas das mais variadas correntes avaliam que o próximo presidente será obrigado a fazer um ajuste fiscal para equilibrar as contas do governo. E logo, porque o melhor momento para medidas duras é no início do mandato.
Sem esse ajuste, dificilmente o Brasil conseguirá manter um crescimento econômico acima de 5% ao ano. Primeiro, porque vão faltar recursos para o governo realizar investimentos. Em segundo lugar, porque, se a expansão dos gastos se mantiver, o Banco Central terá de manter as taxas de juro na estratosfera para conter a inflação.
Os candidatos à Presidência no divã
A candidata Dilma Rousseff (PT), líder nas pesquisas para presidente, é apresentada em sua propaganda como mãe do Brasil. A expressão já foi usada diversas vezes pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há poucos dias, foi citada pela primeira vez pela própria Dilma: Quero fazer com cuidado de mãe o que ainda precisa ser feito, disse. José Serra (PSDB), o segundo colocado nas pesquisas e principal opositor do governo, usa a imagem de Lula em sua propaganda. Diz como eles trabalharam juntos e segue com um jingle que começa assim: Quando Lula da Silva sair, é o Zé que eu quero lá.
Os eleitores, evidentemente, sabem que um país não tem mãe. A maioria sabe também que Serra está longe de ser um aliado de Lula. Ao recorrer a esse tipo de marketing eleitoral, os candidatos, porém, não estão mirando apenas a razão dos eleitores. Eles estão em plena disputa de um jogo travado silenciosamente, a cada eleição, pelos comitês de campanha: o da conquista das emoções dos eleitores, na qual o foco são os elementos subjetivos. No processo eleitoral, como em quase todas as decisões na vida, as emoções interagem com a razão e são elas que frequentemente guiam o eleitor na definição do voto.
Especulação na periferia
A pressa do governo em acelerar o Programa Minha Casa Minha Vida produz imóveis defeituosos, avaliações suspeitas e inflação no setor imobiliário
A cozinheira Claricina Ribeiro Assis mora em Santo Antônio de Descoberto, Goiás, cidade do entorno do Distrito Federal que fica a 45 quilômetros de Brasília. Ela é uma das beneficiadas pelo Minha Casa Minha Vida, programa do governo federal que pretende facilitar a aquisição de moradia própria pela população mais pobre. Claricina tem sentimentos ambíguos sobre o programa. Ela se diz satisfeita por ter conseguido comprar sua casa. Mas, ao mesmo tempo, fica irritada com as condições do imóvel onde mora há quatro meses. As paredes estão descascando, diz Claricina. Não tem luz nem água no banheiro. Todos os dias, eu tomo banho com água retirada de baldes, que encho na cozinha. Claricina e os vizinhos reclamam também da falta de asfalto nas ruas do bairro Jardim Ana Beatriz. Essa casa não vale os R$ 60 mil que dizem, afirma.
Claricina paga prestações mensais de R$ 381, parte de um financiamento de 25 anos. Sua casa é uma entre as 600 mil habitações contratadas pelo Minha Casa Minha Vida. Uma das principais realizações do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Minha Casa Minha Vida foi criado para reduzir o déficit de moradias para famílias com renda de até dez salários mínimos. Até agora, o governo gastou R$ 22,8 bilhões no Minha Casa e fez de tudo para acelerar o ritmo do programa, um dos trunfos eleitorais da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.
ISTOÉ
Sonhos: como usá-los na vida real
A ciência revela que sonhar deixa a memória afiada, ajuda a lidar com as emoções e nos treina para enfrentar os obstáculos da vida real
Armação partidária
Governo e oposição querem mudar a lei eleitoral e criar novos partidos para recompor o jogo de forças no Congresso
Após as eleições presidenciais, a partir da nova correlação de forças políticas que emergirá das urnas, o País deverá passar por uma grande rearrumação partidária. Pelo lado do governo, a ideia de integrantes da sopa de letrinhas que hoje compõe a base aliada, como o PSB, PR, PRB, PCdoB e PDT, é criar nova legenda capaz de servir de contrapeso ao fortalecido PMDB, cada dia mais sedento por cargos estratégicos na Esplanada dos Ministérios. Do lado oposicionista, há um movimento na mesma direção. Como a proposta do consórcio partidário composto por PSDB, DEM e PPS se revelou ineficaz na atual campanha, setores da oposição já articulam uma eventual fusão das legendas. Neste caso, o grande expoente da nova composição de forças deverá ser o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Praticamente eleito ao Senado com 70% das intenções de voto, o político mineiro é tido como o mais preparado para liderar esse movimento, uma vez que transita com desenvoltura entre a oposição e até algumas agremiações governistas. "É necessário criar no Congresso uma agenda de Estado que permita convergências e assim não cair no que chamei algumas vezes de armadilhas plebiscitárias", afirmou na última semana Aécio, em entrevista concedida num hangar do aeroporto da Pampulha.
A criação de um novo partido governista foi discutida entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e setores do PT, nas últimas semanas. A legenda, ao mesmo tempo socialista e desenvolvimentista, reforçaria a sustentação a um possível governo Dilma Rousseff. Informalmente, petistas já começaram a mapear deputados e senadores que possam integrar a nova legenda à luz de um rearranjo político a partir de 2011. As conversas contaram com a participação do chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho. Um dos nomes comentados para fazer parte dessa nova agremiação é o do senador Gim Argello. Hoje no PTB, do oposicionista Roberto Jefferson, Gim é um dos principais aliados do governo no Congresso e pessoa da confiança de Dilma.
Receita aberta
Historicamente descuidado com o sigilo, o Fisco volta a ser protagonista do vazamento de informação de contribuintes e vira arma política nas eleições
O problema vem de décadas. É grave e endêmico. No Brasil, a Receita Federal, que tem o dever de zelar pelo sigilo das declarações do Imposto de Renda de milhões de contribuintes, é um queijo suíço. Desde o final da década de 1970, há registros de pessoas flagradas vendendo os segredos fiscais de empresários, artistas e políticos nas ruas das grandes cidades. Nos anos 1980, agentes de um grupo de elite da polícia paulista apreenderam cópias das declarações de diversos executivos nas mãos de grupos especializados em promover sequestros. Durante as investigações que levaram ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, dezenas de pessoas jurídicas tiveram suas declarações devassadas e seus conteúdos divulgados, apesar do sigilo decretado pela Justiça. No começo dos anos 2000, ocorreu uma quebra de sigilo em massa, quando a Polícia Federal desmontou uma quadrilha que tinha acesso aos dados reservados do Fisco, do Banco Central, da Caixa Econômica Federal e da própria PF. Em 2004, a Polícia Federal deflagrou a Operação Chacal, que pôs fim ao esquema utilizado pela empresa americana Kroll Associates, que terceirizava a investigação sobre personalidades famosas. A Kroll foi formalmente acusada de corromper servidores públicos para conseguir dados nos órgãos federais, inclusive a Receita. Na terça-feira 31, um camelô foi preso, em São Paulo, vendendo CDs com informações confidenciais do Fisco sobre cerca de 30 mil pessoas físicas e jurídicas, por R$ 1 mil cada disco. No escândalo mais recente, cerca de 140 empresários, artistas e políticos tiveram seus dados pessoais violados na Delegacia da Receita em Santo André (SP). A lista vai desde a apresentadora Ana Maria Braga até o empresário Michel Klein, diretor-executivo da Casas Bahia.
Tortura na selva
Militares do Pelotão de Fronteira, no Amazonas, são denunciados por terem espancado e amontoado índios numa jaula para onças, durante investigação de tráfico.
Uma espécie de Abu Ghraib parece ter se materializado no meio da selva amazônica. A sede do 3º Pelotão Especial de Fronteira do Exército é acusada de ter sido palco de crueldades semelhantes às praticadas nos porões da masmorra iraquiana, famosa depois da divulgação de fotografias de torturas impostas por soldados americanos a prisioneiros islâmicos. No caso brasileiro, as vítimas foram 12 índios. Presos por militares metidos numa investigação policial sobre tráfico de drogas, os indígenas relatam os horrores a que foram submetidos. Nos colocaram numa gaiola de ferro e lá ficamos como animais, contou Brígido Mariano Garrido, morador da comunidade de Uarirambã, a 320 quilômetros de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. A gaiola era uma jaula de ferro para onças. Um de meus colegas apanhou como se fosse um cachorro, denunciou Fredy Sanches Amâncio, que foi obrigado a permanecer por quase duas horas deitado com o rosto no chão, sob a mira de um fuzil.
FHC: um pote até aqui de mágoas
Alijado da campanha tucana, que prefere usar a imagem de Lula à dele, o ex-presidente deixa claro ao partido que está insatisfeito e ataca os marqueteiros de José Serra
Já passava das quatro da tarde, na quarta-feira 1º, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se deu conta de que estava prestes a perder o voo que o levaria para a Alemanha no início daquela noite. Correu até o escritório que mantém em seu amplo apartamento no bairro de Higienópolis, desligou o computador, colocou um moderno iPad numa pasta e deu um conselho brincalhão às duas empregadas que o servem: Estou indo, cuidem de tudo aí e não vão comer toda a comida, disse, num chiste de tom quase paternal. Naquele mesmo momento, tucanos de todas as plumagens alvoroçavam-se Brasil afora, revendo estratégias de uma campanha presidencial que eleva o tom a cada dia. No entanto, Fernando Henrique, o nome mais importante do partido, estava alheio a toda esta movimentação. Na verdade, estava pouco se importando com o que ocorria nos comitês eleitorais. Vou para a Alemanha participar de um encontro de líderes políticos europeus. Não vou ficar me acotovelando no meu partido, disse o ex-presidente numa entrevista exclusiva e esclarecedora dada à ISTOÉ pouco antes de sair de casa rumo ao aeroporto.
Brasília muda de rumo
Joaquim Roriz, com a candidatura impugnada, já não é o senhor do Planalto Central. Embalado por Lula, Agnelo Queiroz passa à frente
As eleições do Distrito Federal sofreram uma reviravolta e tanto. Enquanto o até então favorito ex-governador Joaquim Roriz (PSC) vê sua candidatura perder fôlego, o petista Agnelo Queiroz caminha celeremente para se sentar no Palácio do Buriti como sétimo governador eleito de Brasília. É nessa direção que aponta uma pesquisa do Instituto CB Data, do jornal Correio Braziliense, divulgada na quinta-feira 2 de setembro. Pela primeira vez, Agnelo tomou a dianteira com 40% das intenções de voto e Roriz ficou em segundo lugar com 34%, num cenário com outros seis candidatos nanicos. No segundo turno, o candidato do PT venceria com 43% contra 35% do principal oponente. Há um mês quem apostasse na derrota do ex-governador seria tido como desinformado. Agnelo chegou a ter menos do que a metade dos votos de Roriz. É realmente uma grande virada. A população resolveu romper com o passado de bagunça. Mas tenho evitado comemorar, disse Agnelo Queiroz à ISTOÉ.
CARTA CAPITAL
O império vacila
The Economist: Como os EuA vão exercer o poder bélico após a retirada do Iraque?
Guerra de sigilos
Serra acusa Dilma. Mas e as provas?
Na quarta-feira 1º, ante as evidências de que tanto a procuração quanto a assinatura de Verônica Serra, filha do presidenciável José Serra, eram falsas, a Receita Federal foi obrigada a reconhecer que o sigilo fiscal da empresária havia sido acessado com base em documento falso. Foi mais um capítulo de um crime que a Receita não conseguiu dimensionar com clareza, que atingiu centenas de cidadãos e que tem alimentado o mais recente capítulo da disputa eleitoral.
É realmente suspeito o fato de cinco personagens ligados a Serra terem o sigilo fiscal violado. Além de Verônica, os ex-ministros Eduardo Jorge e Luiz Carlos Mendonça de Barros, o empresário Gregório Marin Preciado, casado com uma prima do candidato, e Ricardo Sérgio de Oliveira, o homem do limite da irresponsabilidade da privatização do Sistema Telebrás, tiveram seus dados violados, segundo a investigação da própria Receita.
Máximo poder aos amigos
Mesmo sem ver o projeto, a CBF elege o estádio do Corinthians para a Copa
Ricardo Teixeira fez valer a sua vontade. Em uma só cartada, o chefe da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) premiou um aliado, submeteu as autoridades políticas aos seus desígnios e tripudiou de um histórico adversário. Após uma reunião no Rio de Janeiro, ele anunciou, com o prefeito Gilberto Kassab e o governador Alberto Goldman a tiracolo, o estádio que deverá abrigar a abertura da Copa 2014: uma arena que o Corinthians pretende erguer em Itaquera, zona leste da capital paulista.
De acordo com o presidente do clube, a decisão foi tomada sem que nenhum representante do governo ou do Comitê Organizador Local (COL), presidido por Teixeira, tenha avaliado o projeto. Nem Ricardo Teixeira, nem ninguém dos governos federal, estadual e municipal, viu. Só o Corinthians, a Odebrecht (construtora responsável pelo estádio) e os arquitetos. Nós temos credibilidade. Vocês podem não acreditar, mas nós temos, afirmou Andres Sanchez, em entrevista à Folha de S.Paulo.
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Entenda em 10 pontos o recurso de Bolsonaro contra a condenação no STF