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Congresso em Foco
18/4/2010 0:04
Fábio Góis
Até 31 de dezembro será, em princípio, Rogério Rosso (PMDB) quem levará adiante a obra incompleta e um tanto trágica do ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM), que já esteve preso e teve o mandato cassado em meio à maior crise política da história do Distrito Federal. Em eleição indireta, Rosso foi o mais votado entre os deputados distritais na noite de sábado, com o número mínimo para ser eleito, 13 dos 24 votos (maioria absoluta).
Mas isso não significa que escolha vá diminuir a crise que assola a cidade e suas instituições político-administrativas há quase cinco meses. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, autor do pedido de intervenção federal em Brasília, disse que as indiretas não resolvem o problema: "Mudariam alguns personagens, mas manteriam o esquema criminoso".
Por seu lado, Rosso promete uma ação que contribua para reduzir a propensão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a aprovarem o pedido de Gurgel. A ordem é cortar gastos e até cargos comissionados no GDF. "Devemos diminuir a quantidade de cargos comissionados, mas com critério, sem prejudicar a máquina pública. E, com essa economia, investir mais em saúde, segurança pública e educação", declarou ele ao Congresso em Foco, antes de ser eleito.
"A depender de quem vencer, devemos demonstrar para as instituições, para o Judiciário, que está todo mundo com a manga arregaçada, e querendo levar [o GDF] na ordem institucional, até dezembro, para que o novo governo possa trabalhar direito", observou Rosso, evitando julgar o candidato derrotado Wilson Lima (PR), que passou de favorito a terceiro mais votado ontem, após ele ter ficado caracterizado como homem de confiança do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), que lançou Arruda na política e lidera as pesquisas de intenção de voto para o governo do Distrito Federal.
Ninguém merece
A Constituição brasileira define que, em caso de intervenção aprovada pelo STF, o presidente da República deve designar um interventor para conduzir a atividade política do estado ou município. A medida perdura até que, executados todos os reparos administrativos, bem como os trabalhos investigativos, e normalizadas as situações institucional, política e financeira, outro governador ou prefeito seja eleito em novas eleições diretas.
Para Roberto Gurgel, a intervenção é a solução para casos como o do DF. No sábado pela manhã, ele chegou a dizer que a população de Brasília "não merecia" uma eleição indireta.
A derrota de Wilson Lima - governador interino até então e, como aliado de Arruda, um nome que representava a continuidade da gestão anterior - não representa o sepultamento irreversível do fantasma da intervenção.
"O novo governador deve optar por medidas que enfraqueçam a tese da intervenção. Vai depender muito desses primeiros atos." |
"Ele [Rosso] precisa é demonstrar, na prática, para que ganhou", afirmou Tadeu à reportagem. "O novo governador deve optar por uma política saneadora, com decisões e medidas que enfraqueçam a tese da intervenção. Vai depender muito desses primeiros atos."
Segundo o líder petista, conta a favor de Rosso o fato de ele ter se apresentado para a eleição dentro de uma "frente antirrorizista", de rompimento com a prática política encabeçada na capital, em quatro gestões, pelo ex-governador Roriz. "É um elemento, no mínimo, interessante. Vamos ver se isso vai sair do discurso para a prática". Roriz renunciou ao mandato de senador, em julho de 2007, após uma investigação nas contas do Banco de Brasília ter revelado que ele recebera um cheque de R$ 2,3 milhões do empresário Constantino (Nenê) de Oliveira, dono da Gol Linhas Aéreas.
Por mais que agora reivindique independência em relação ao próprio histórico, Rosso tem as digitais de Roriz e Arruda no currículo: foi secretário de Desenvolvimento Econômico e administrador de Ceilândia na gestão do primeiro e, na era Arruda, presidiu a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) - mesmo posto ocupado, no mais recente governo Roriz, pelo pivô de toda a crise, o ex-secretário de Relações Institucionais de Arruda, Durval Barbosa.
Sem clima
Nem todos os petistas concordam com Tadeu. O vice-presidente da Câmara, Cabo Patrício (PT), disse à reportagem que a tese da intervenção, de tão enfraquecida, já está "fora de cogitação" em épocas de celebração dos 50 anos de Brasília. "Em um primeiro momento, quando o procurador-geral pediu a intervenção, existia a falência dos poderes, os poderes estavam contaminados e a Câmara se encontrava em uma letargia. Ela reagiu, e abriu-se processo por quebra de decoro parlamentar. Uns renunciaram, outros estão respondendo e vão ser cassados nos próximos dias."
Na mesma linha seguem os parlamentares da base aliada. Alírio Neto (PPS), ex-presidente da Câmara e eleitor de Rosso, até critica a disputa partidária para comandar o GDF, o que poderia demonstrar instabilidade política. "Entendi como demonstração de que não tivemos a envergadura, a competência e o discernimento necessários para poder buscar o entendimento e superar as diferenças políticas, em que o primeiro compromisso fosse Brasília e não aspectos partidários e espaços políticos."
Mas Alírio, um dos ex-presidentes da extinta CPI da Codeplan, acredita que Rosso dará tranquilidade à cidade para enfrentar o risco da intervenção.
Maldade
Um dos cinco presos por suposta tentativa de suborno em meio à Operação Caixa de Pandora, o deputado Geraldo Naves (DEM) chegou a dizer que o "fato histórico" vivido por Brasília - a primeira eleição indireta para governador - é uma oportunidade para que o escolhido faça um trabalho "isento".
Saído do Complexo Penitenciário da Papuda, o distrital e apresentador do programa policialesco "Barra Pesada" afirma que a intervenção é "maldade" com a cidade.
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