Edson SardinhaO presidente Lula disse hoje (27) que a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), só não terá seu apoio para se reeleger, em 2014, se não quiser disputar um novo mandato. Em café da manhã com um grupo de jornalistas, o presidente descartou concorrer a qualquer cargo eletivo daqui a quatro anos.
"Trabalho com a ideia fixa de que Dilma será candidata. É justo e legítimo e será minha candidata em 2014. Só existe uma hipótese: ela não querer ser candidata", declarou Lula. O presidente disse que nunca cogitou apoiar qualquer mudança na Constituição para garantir a possibilidade de disputar um terceiro mandato consecutivo no Planalto. "Acredito na democracia e acredito na necessidade de renovação. Tem que ter sangue novo, senão vira uma ditadurazinha", acrescentou.
Ele afirmou que quer passar por um "processo de desencarnação" da Presidência e ficar à margem de discussões políticas por um período. "Vou passar um tempo sem me meter na política, sem dar palpite, tentando voltar ao mais próximo possível da normalidade", disse o presidente.
Na entrevista aos jornalistas, Lula afirmou que não se arrepende de nenhuma decisão tomada nos oito anos de governo e que não mudaria nenhuma indicação para o ministério, nem mesmo daqueles ministros que caíram após terem seus nomes envolvidos em denúncias. "Eu indicaria o mesmo ministério que indiquei. Indiquei os melhores", avaliou.
O petista disse que é resultado de uma "sociedade em efervescência" e que o atual governo transformou a relação do Estado com a sociedade. Pela manhã, em seu último programa semanal de rádio,
Lula disse que governar o Brasil foi "gostoso demais" e que não viu nenhuma complicação em comandar o país por oito anos.
Ainda na conversa com os jornalistas, o presidente disse que ficou magoado com a forma com que parte da mídia tratou o acidente com o avião da TAM, em julho de 2007. "A mágoa mais profunda foi quando caiu o avião da TAM. Fomos condenados à forca. Jogaram a culpa no governo e ninguém depois teve a sensibilidade de pedir desculpas", disse.
Segundo o presidente, a imprensa precisa de um marco regulatório e a aprender a lidar com críticas. "Não defendo controle social da mídia, defendo responsabilidade da mídia. A mídia tem que parar de achar que não pode ser criticada", declarou. "Temos uma legislação de 1962. Quando propomos um marco para modernizar a mídia, as pessoas acham que é autoritarismo. A regulação é necessária", emendou.
Lula disse ainda que espera restabelecer a relação de amizade com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com quem trocou farpas nos últimos oito anos. "Não levo para casa divergências. Os tucanos são os principais adversários do governo. Então, é normal que haja acirramento das relações. Mas quando reencontrá-lo é possível que sejamos amigos", afirmou.